quarta-feira, 7 de maio de 2025
Com sintonia para não agir, Hugo Motta e Alcolumbre empurram anistia para o limbo
07/04/2025 4:58 am
Redação ON Reprodução/Montagem

A proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 está, na prática, sem chances de avançar no Congresso. E não é por falta de articulação — mas justamente por uma articulação silenciosa entre os presidentes da Câmara e do Senado para não fazer nada.

Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, compartilham a mesma estratégia: tirar o corpo fora e deixar a proposta morrer por inanição. O discurso público pode até variar, mas a mensagem nos bastidores é clara — essa não é uma pauta que interessa a eles neste momento.

Após a manifestação realizada neste domingo (6) em defesa da anistia — que levou 45 mil pessoas à Av Paulista, número expressivo, embora distante dos 500 mil prometidos —, os articuladores do projeto esperavam algum gesto de movimentação no Congresso. Mas o que se viu foi exatamente o contrário.

Nos corredores do Legislativo, circula a avaliação de que Hugo Motta não pretende pautar o tema sem um “sinal verde” do Senado. E Alcolumbre já tratou de deixar claro que esse sinal não virá. “Isso não é um assunto que nós estamos debatendo”, disse o senador, ao ser questionado sobre a proposta. “Ficar falando disso toda hora é dividir ainda mais a sociedade.”

A fala enigmática reforça a linha de ação adotada pelas cúpulas das duas Casas: deixar o projeto esfriar e desidratar sem precisar enfrentá-lo diretamente. Em paralelo, algumas lideranças tentam manter o assunto vivo, como o líder do União Brasil, Mendonça Filho (PE), que quer condicionar o apoio da bancada à inclusão do ex-deputado Daniel Silveira no pacote de perdão. Mas essas movimentações enfrentam resistência e parecem insuficientes para reverter a paralisia atual.

No fim das contas, a sintonia entre Hugo Motta e Alcolumbre é real — mas serve, justamente, para frear a pauta. A anistia está viva apenas no discurso de seus defensores. No Congresso, o clima é de câmara fria.

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