sexta-feira, 2 de maio de 2025
Torcida reage à “gestão SAFada” no Bota-PB: pichação e revolta na Maravilha do Contorno
18/04/2025 11:10 am
Redação ON Reprodução

Os muros do Centro de Treinamento Maravilha do Contorno, em João Pessoa, amanheceram pichados nesta sexta-feira (18) com frases como “gestão amadora” e “SAFados”. O protesto, organizado por torcedores do Botafogo-PB, é uma resposta direta à política de preços adotada para o jogo contra o Flamengo, pela terceira fase da Copa do Brasil, marcado para 1º de maio no Estádio Almeidão.

A venda dos ingressos começou nesta quinta-feira (17) com valores entre R$ 300 e R$ 500, o que gerou revolta imediata. Para a torcida do Belo, o golpe foi duplo: além dos preços abusivos, o setor “Sol” — tradicionalmente ocupado pelos botafoguenses — será destinado à torcida visitante do Flamengo, que terá direito a 40% da capacidade do estádio.

A reação não se limitou às redes sociais. O PROCON de João Pessoa já notificou o clube, exigindo explicações e comparações com partidas anteriores do próprio Botafogo na Copa do Brasil e até com jogos da Série A do Campeonato Brasileiro, onde, em muitos casos, os valores cobrados são bem mais acessíveis.

A origem dessa política agressiva de cobrança tem uma explicação clara: a administração do clube agora está nas mãos de uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol). E se alguém ainda alimentava ilusões sobre amor à camisa, o episódio deixou a realidade exposta: para a SAF, a camisa é apenas um ativo. A lógica é simples e crua: investir para lucrar — e lucrar rápido.

O episódio do preço dos ingressos é apenas a consequência de uma estratégia frustrada que vinha sendo construída nos bastidores. Inicialmente, havia negociações para que a partida fosse levada para o estádio Mané Garrincha, em Brasília, sob gestão da empresa Metrópoles Sports, especializada em eventos de grande apelo popular — sempre com o Flamengo como principal chamariz. Informações divulgadas nos programas esportivos locais davam conta de uma suposta proposta de R$ 4 milhões para que o Botafogo abrisse mão do mando de campo. A diretoria da SAF nunca confirmou oficialmente o valor, mas também não se preocupou em desmentir, deixando o boato correr livremente.

O Norte Online apurou que, na verdade, a proposta do Metrópoles foi de R$ 2,5 milhões — metade do que foi especulado. Como o negócio não avançou, os dirigentes do Botafogo-PB precisavam encontrar uma maneira de “compensar” a recusa do que consideraram uma oferta milionária. A solução foi transferir a fatura para o bolso do torcedor, elevando os preços dos ingressos a níveis impensáveis para o futebol local.

O resultado está nos muros da Maravilha do Contorno e no clima de insatisfação que começa a se espalhar. A SAF do Botafogo-PB já deixou claro para a sua torcida que, em seu modelo de negócios, não existe almoço grátis. E muito menos amor à camisa.

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