A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo da Paraíba deu início a um processo que pode representar uma ruptura simbólica com o passado e uma tentativa definitiva de afirmação de identidade própria. O clube protocolou no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o pedido de registro de um novo escudo — uma estrela vermelha solitária. A mudança busca, principalmente, evitar conflitos jurídicos com o Botafogo do Rio de Janeiro, dono do registro oficial do escudo tradicional que inspirou o do Belo.
O escudo atual do Botafogo-PB é historicamente semelhante ao do clube carioca, com a diferença marcante da estrela vermelha, que se tornou símbolo da torcida e elemento de identidade do time paraibano desde a década de 1970. A ideia da estrela vermelha partiu de José Flávio Pinheiro Lima, empresário e ex-conselheiro do São Paulo Futebol Clube, que presidiu o Belo nos anos 70. Foi ele quem injetou recursos, modernizou a gestão do clube e trouxe a proposta de tornar o time tricolor — nos moldes do São Paulo — e de incluir a estrela vermelha no escudo, um detalhe que, à época, deu charme e originalidade à marca botafoguense.
Agora, a SAF quer dar um passo além: retirar o escudo do formato tradicional, com moldura preta e formato de escudo, e deixar apenas a estrela vermelha como marca registrada. O movimento tem como pano de fundo a impossibilidade de registrar o atual símbolo junto ao INPI. “O escudo tradicional do Botafogo-PB é de domínio público. Pode ser usado em campo, mas não pode ser explorado comercialmente”, explicou Alexandre Cavalcanti, presidente do Conselho de Administração da SAF. Segundo ele, por ser muito semelhante ao escudo do Botafogo-RJ, que tem prioridade histórica e legal sobre o registro, o atual símbolo não pode ser formalizado como marca exclusiva do clube paraibano.
Outro elemento que pressiona a mudança é a fornecedora de material esportivo do clube, a Kappa. Nos bastidores, a empresa exige que o Botafogo-PB tenha uma marca registrada que possa ser legalmente aplicada nas camisas, garantindo segurança jurídica para a produção e comercialização dos uniformes oficiais.
O diretor de futebol da SAF, Alexandre Gallo, também tem participado das discussões. Segundo apurado, ele vê a mudança como uma etapa natural dentro da profissionalização e modernização da gestão do clube.