Nos bastidores do futebol paraibano, começaram a circular rumores de que a presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Michele Ramalho, poderia surgir como uma candidata de consenso à presidência da CBF. A informação, no entanto, não se sustenta diante da realidade do cenário nacional.
Michele, única mulher a presidir uma federação estadual no país, não lançou candidatura, não se pronunciou oficialmente e tampouco se sabe se os boatos partiram de apoiadores ou da própria dirigente. Mas uma coisa é certa: ela não está no jogo pesado que hoje movimenta os bastidores da Confederação Brasileira de Futebol.
A eleição, marcada para o próximo domingo (25), virou palco de uma guerra declarada entre gigantes. De um lado está Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol e o cartola mais poderoso do país, articulando apoio dos clubes das Séries A e B. Do outro, Samir Xaud, presidente da Federação de Roraima, que lidera uma chapa com o apoio da maioria das 27 federações estaduais — um grupo que representa a continuidade da velha política da CBF.
Nesse tabuleiro de xadrez, Michele não tem cacife para se apresentar como alternativa viável. Para registrar uma candidatura, são exigidas assinaturas de pelo menos 8 federações e 5 clubes das Séries A e B. Pelo que se sabe, nem clubes e federações ela tem ao seu lado.
Há a possibilidade de surgir um nome de consenso? Houve, sim, conversas por uma terceira via, que poderia apontar na direção de Luciano Hocsman, do Rio Grande do Sul. Mas não parece existir clima para pacificação.

Os boatos de que ela poderia ser “um nome de consenso” soam mais como tentativa de se manter em evidência do que como um movimento concreto. E, convenhamos, o momento não é de conciliação. É de confronto direto entre dois blocos poderosos: de um lado, quem quer romper com o modelo centralizador e pouco transparente da CBF; do outro, quem quer manter a bolha de poder que vem desde os tempos de João Havelange, passando por Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero, Rogério Caboclo e, mais recentemente, Ednaldo Rodrigues.
O próprio Samir Xaud, nome apoiado pelas federações e favorito na disputa, é ligado a esse grupo. Sua empresa médica chegou a manter contrato com a CBF durante a gestão Ednaldo, fato que vem sendo questionado na Justiça por adversários políticos com base na Lei Pelé e no Estatuto do Torcedor.
Portanto, embora seja compreensível que se queira ver um nome da Paraíba no centro do poder do futebol brasileiro, neste momento, essa possibilidade não passa de especulação. A sucessão da CBF virou uma batalha de tubarões — e Michele Ramalho, ao menos por enquanto, está fora desse mar.