O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não se abalou com a ameaça velada que recebeu do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O filho do ex-presidente insinuara que Motta, assim como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), poderia ser incluído em uma lista de sanções nos Estados Unidos — a exemplo do ministro Alexandre de Moraes.

A resposta de Motta foi curta e direta, quase desdenhosa: “Não funciono sob ameaça. Isso não altera nem o meu humor, nem a minha maneira de agir.” Em Brasília, a frase soou como um recado de que, diferente do que imagina Eduardo, não há clima para chantagens internacionais no Congresso.

Diante da repercussão negativa, Eduardo recuou — ou melhor, ensaiou um recuo. Disse neste sábado (23) que nunca ameaçou ninguém. Sua versão, agora, é que estava apenas convidando Motta e Alcolumbre para uma visita à Casa Branca. Lá, segundo ele, poderiam negociar diretamente com Donald Trump a redução ou até o fim do tarifaço imposto ao Brasil. Em troca, claro, viria a anistia para seu pai, Jair Bolsonaro.

O convite soou mais como roteiro de série política do que como proposta real. Um blefe: nem Motta nem Alcolumbre pretendem embarcar nessa aventura diplomática de fachada, e tampouco Trump poderia oferecer perdão presidencial a um condenado no Brasil.

No fim das contas, Hugo Motta saiu maior da história: transformou a ameaça em piada e mostrou que, no tabuleiro de Brasília, não é ele quem se deixa intimidar.