O Partido dos Trabalhadores (PT) promove neste domingo (6) um processo eleitoral decisivo para sua reorganização interna e para o futuro de suas articulações políticas nos estados. Em todo o Brasil, filiados vão às urnas das 9h às 17h para escolher, por voto secreto, os novos presidentes dos diretórios municipais, estaduais e nacional, em mandato de quatro anos.
A eleição também servirá como termômetro político: não apenas apontará as lideranças que comandarão a sigla, mas indicará qual será o rumo estratégico adotado pelo partido rumo às eleições de 2026. Em nível nacional, concorrem Edinho Silva, Romenio Pereira, Rui Falcão e Valter Pomar — nomes que representam diferentes correntes internas e que, nos debates realizados em junho, apresentaram propostas que vão da construção de alianças amplas à retomada da mobilização popular na base.
O pleito marca a volta das eleições diretas internas após 12 anos. As duas últimas direções foram escolhidas em votações híbridas, que elegeram Gleisi Hoffmann, hoje ministra de Lula, e que tem como substituto interino o senador Humberto Costa.
Apesar de ter recuperado parte da musculatura eleitoral nas últimas eleições nacionais, o PT ainda busca se reinventar. Em 2024, o partido elegeu 252 prefeitos — um avanço expressivo em relação aos 182 conquistados em 2020, mas ainda longe dos 637 obtidos em 2012, seu recorde histórico. Trata-se do terceiro pior desempenho municipal desde o ano 2000.
Na Paraíba
Na Paraíba – onde houve denúncia de “compra de votos” na disputa em Cabedelo – o desafio é ainda maior. O PT teve o pior desempenho estadual do país nas eleições municipais passadas, elegendo apenas um único prefeito, na pequena cidade de Picuí. Mesmo assim, o partido ensaia montar uma chapa para disputar vagas na Câmara e no Senado em 2026, ao mesmo tempo em que busca se posicionar no xadrez da aliança com o governador João Azevêdo.
O atual presidente estadual, Jackson Macêdo, já deixou claro que pretende caminhar com João, e parece não aceitar conselhos de figuras como o ex-governador Ricardo Coutinho, que tem sido sistematicamente escanteado pela direção estadual. “Se ele tivesse tanta influência assim no PT, nem o apoio a João Azevêdo nem o apoio a Cícero Lucena no segundo turno teriam se consolidado”, disse Jackson.
A eleição deste domingo, portanto, não definirá apenas nomes: pode definir o destino do PT — tanto no plano nacional quanto em redutos onde o partido se perdeu de sua base histórica. E, especialmente aqui na Paraíba, mais do que escolher um presidente, o PT precisa escolher um rumo.