Paulo Soares Loureiro, médico, professor, escritor e jornalista, era um homem de bem e um cidadão bem humorado, um bom contador de histórias. De uma verve venenosa e ferina. E de muita sabedoria, aquela sabedoria antiga que não se aprende em bancos de escola.
Ajudou a muitos filhos dos seus amigos como médico pediatra. Foi de todos, inclusive das minhas filhas. Nunca cobrou nada de ninguém. Mas tinha um jeito manhoso de falar: “Deixa pra lá”, dizia dando uma risadinha meio encabulada.
Tinha um monte de amigos e era um frequentador de muitos bares – do luxuoso ao mais simples – onde foi fazendo suas amizades. Um dos seus amigos era Manoel Caixa’dagua, que lhe chamava de doutor Paulinho. Ele não gostava.
E recomendava: “Caixa, ou você me chama de Paulinho ou de Doutor Paulo Soares”, e Caixa respondia: “Você é muito modesto. Doutor, professor, jornalista, escritor e meu amigo. Você é um poliglota”, fazendo Paulinho rir à sua maneira.
Um dia eu me candidatei à presente da APL e ganhei por dois votos de diferença. Ele me encaminhou e foi logo dizendo: “Tu estás lascado. Nunca mais vão te deixar em paz”, disse. E até hoje eu encontro pessoas que me lembram essa eleição e dizem que só ganhei com o seu voto.
