sábado, 13 de dezembro de 2025
Padre Luiz, 50 anos de sacerdócio
07/12/2025

Quando avalio os 16 anos de caminhada diaconal, lentamente construindo pontes e buscando aprender com sábios e agentes da espiritualidade cristã, minha gratidão se dirige a algumas pessoas que ajudaram a cruzar a via Ápia.
Minha eterna gratidão e meu reconhecimento vão para aqueles que sem cujas mãos estendidas eu não estaria agora revelando minhas fraquezas.
Mais de um quarto de século depois de o Espírito Santo ter apontado para a escolha do diaconato, o estímulo e o apoio de cinco pessoas foram fundamentais para meu discernimento. A todos, indistintamente, minha gratidão.
Minha decisão pelo diaconato, tomada no seio da família, contou com o apoio de integrantes da Igreja. Tudo começou com meu irmão, o Padre Gaspar Rafael Nunes da Costa que, ordenado diácono em 1998, apontou o ministério diaconal como um caminho para mim. Tendo a aceitação da esposa, procurei Dom Marcelo Carvalheira, amigo e confidente que, de imediato, questionou: “É isso o que você quer? A família concordou?”
Dali, cheguei até o Diácono Valter Paiva, então presidente da Comissão dos Diáconos da Arquidiocese, e, por meio dele, ao Padre Luiz Antônio de Oliveira, então vigário-geral, que me acolheram com um abraço fraterno.
Neste período em que a Igreja me concedeu exercer o ministério diaconal, devo muito a eles, que confiaram na minha capacidade intelectual e espiritual.
Alegra-me muito recordar o Padre Luiz Antônio, que, motivado pela esperança no Ressuscitado, celebra 50 anos de ordenação presbiteral.
Oxalá ele continue, cheio de mais realizações, todas elas fincadas no alicerce da fé herdada dos Apóstolos, que apertaram as mãos de Jesus e sentiram a profundidade do seu olhar.
Padre Luiz é fruto do Vaticano II, dessa Igreja que se afastou do autoritarismo e dos atos extremistas do Estado (representados pelo regime militar), e que luta pela justiça social. À luz do Evangelho, as ideias progressistas iluminaram o jovem Luiz, que cedo entendeu que a fé deve ser fruto da justiça social.
Não conhecia Padre Luiz Antônio. Quando fui apresentado a ele em seu gabinete de trabalho na Cúria Metropolitana, no Palácio do Bispo, numa manhã ensolarada, senti um vento suave de esperança que se espalhava pelos jardins.
Certa vez ele comentou que a Igreja é fruto da Palavra, sua testemunha e executora da ação de Deus. Todos somos chamados a viver a experiência de Abraão, que foi estimulado a sair da sua terra em busca de novos horizontes, a ter coragem para se abrir ao novo e se libertar das amarras. Padre Luiz teve essa sensibilidade.
Mesmo à distância, acompanhando sua caminhada, percebemos como ele buscou caminhos de aproximação da Igreja com os pobres, manifestando o desejo de ser o padre que vive a solidariedade. Estar ao lado dos leigos, vivendo em comunhão com os agentes de pastoral e com todos que compartilham uma mesma forma de sentir, viver e ser Igreja, sempre foi seu desejo.
Uma vez ouvi alguém dizer que é na comunidade que está a ação teologal, pois ali os leigos, inseridos nas pastorais, formam a Igreja junto ao padre. Este, parte integrante da comunidade, é seu guia espiritual e, por isso, deve estar menos preocupado com as finanças para poder estar mais perto do povo, ouvindo e sentindo a todos.
Padre Luiz Antônio de Oliveira nasceu no Rio Grande do Norte e cedo percebeu a força da interpretação da Palavra por Dom Helder Câmara, em Recife. Ao fixar residência na Paraíba, encontrou em Dom José Maria Pires e Dom Marcelo Carvalheira vozes que abriam novos horizontes para a Igreja que sofre.
Não hesitaria em dizer que com ele aprendemos a cruzar as trevas e as noites escuras, sempre com a certeza de que, ao longe, existe um ponto de luz.
Ele construiu entre nós um legado de coragem e de olhar para os pobres, sendo exemplo de missionário comprometido com o exercício da cidadania. Soube mostrar que o grande alimento para o homem de fé, sobretudo para quem exerce o ministério clerical, é a oração e a Eucaristia. E que a Igreja deve fazer opção pelos pobres, pois os ricos já têm bens em abundância.
Fico com as palavras de Dom José Maria Pires, às quais Padre Luiz Antônio sempre se ateve: “Jesus não excluiu os ricos, mas fez sua opção preferencial pelos pobres. Portanto, se a Igreja quer ser fiel a Cristo, deve olhar para onde há mais pobreza”.

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José Nunes
José Nunes

José Nunes é jornalista e membro da Academia Paraibana de Letras (APL).