A Justiça Federal na Paraíba condenou, nesta terça-feira (15), três integrantes da Braiscompany, empresa acusada de aplicar um dos maiores golpes financeiros da história recente do país, usando a fachada de investimentos em criptoativos. As penas somadas ultrapassam os 170 anos de prisão. A decisão partiu da 4ª Vara Federal de Campina Grande, sob comando do juiz Vinícius Costa Vidor.
Segundo a sentença, os réus responderam por crimes como lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, operação de instituição financeira sem autorização legal e participação em organização criminosa. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) após investigações da Polícia Federal e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Braiscompany, sediada em Campina Grande, movimentou mais de R$ 1 bilhão em promessas fantasiosas de lucros altos com criptoativos que nunca existiram de fato. O esquema atingiu milhares de brasileiros — e deixou um número incalculável de vítimas especialmente na Paraíba, onde a operação teve origem.
Mas o que se vê agora, além da indignação e do prejuízo, é um sentimento silencioso de vergonha. Em João Pessoa, por exemplo, muitas vítimas evitam até comentar o assunto. Têm medo de admitir que caíram. Em vários casos, nem recorrem à Justiça. Isso porque o golpe não se disfarçava muito: o enredo era bom demais para ser verdade, com promessas de retorno rápido e garantido. Ainda assim, mesmo com todos os sinais de fraude à vista, muitos aceitaram o risco, seduzidos pela ideia do lucro fácil.
A história se repete: onde há promessa de dinheiro fácil, a frustração é quase sempre garantida. E quando a verdade aparece, o dano é duplo — financeiro e moral. E, no inconsciente coletivo de todas as vítimas da Braiscompany — na Paraíba e no Brasil — só existe uma certeza: o dinheiro “aplicado” jamais será recuperado.
As penas aplicadas reforçam a gravidade do caso. Joel Ferreira de Souza, apontado como um dos cabeças do esquema, foi condenado a 128 anos, 5 meses e 28 dias de reclusão, além de mais de 6 mil dias-multa. Teve os bens bloqueados até o valor de R$ 36,59 milhões e cumprirá pena em regime fechado. Gesana Rayane Silva, também com atuação central na empresa, recebeu 27 anos, 10 meses e 10 dias de prisão, além de mais de 2 mil dias-multa. Ambos deverão indenizar os investidores. Victor Augusto Veronez de Souza foi sentenciado a 15 anos de prisão e multa, também em regime fechado.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens, suspensão dos direitos políticos dos condenados, mandados de prisão após o trânsito em julgado e um valor mínimo de indenização de R$ 36,5 milhões às vítimas.