O 7 de Setembro de 2025 foi marcado, mais uma vez, por fortes demonstrações políticas que dividiram as ruas do país. Em Brasília, o desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios manteve a liturgia oficial das comemorações, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discursou sobre a importância da soberania nacional e destacou que o Brasil “não tomará ordens de ninguém”. O evento contou com reforço na segurança, mais de dois mil agentes mobilizados e tropas em prontidão para garantir a tranquilidade da cerimônia.
Paralelamente às festividades oficiais, manifestações tomaram as ruas em diversas capitais, refletindo a polarização que marca o cenário político atual. Em João Pessoa, centenas de manifestantes se concentraram no Busco de Tamandaré, em Tambaú. Os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, identificados pelo verde e amarelo (e muitos deles portando a bandeira dos EUA), foram maioria em cidades como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Organizados sob o lema “Reaja, Brasil”, eles defenderam a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, criticaram duramente o Supremo Tribunal Federal e chegaram a pedir apoio simbólico de Donald Trump, que foi citado em discursos como uma esperança de pressão internacional sobre o Judiciário brasileiro. Entre os presentes, estiveram parlamentares e ex-ministros ligados ao PL, como Bia Kicis, Mario Frias e Damares Alves, que reforçaram o tom de confronto com as instituições.
Do outro lado do espectro político, movimentos sociais e partidos de esquerda também se mobilizaram, ainda que em número menor. No Rio de Janeiro, lideranças do PT e do PSOL, como Chico Alencar e Benedita da Silva, distribuíram adesivos com slogans como “Brasil com S de soberano” e “Sem anistia”, numa clara oposição às bandeiras defendidas pela direita. Em outras capitais, como Salvador, Maceió e cidades do Norte e Sul do país, grupos progressistas se reuniram em atos que pediam a rejeição da anistia, defendiam o combate às desigualdades sociais e criticavam medidas recentes da política externa norte-americana, em especial o tarifaço anunciado contra produtos brasileiros.
Embora os números não tenham sido oficializados, observadores apontam que a mobilização da direita superou a da esquerda em volume de público, repetindo uma tendência verificada nos últimos meses. Em São Paulo, segundo estimativas, a direita levou cerca de 40 mil às ruas, contra apenas 9 mil da esquerda.
O simbolismo do 7 de Setembro ficou, portanto, ampliado. De um lado, a celebração institucional e militar da independência, presidida por Lula e envolta em discursos de soberania. De outro, as ruas tomadas por manifestantes com pautas antagônicas, reforçando a imagem de um Brasil rachado entre projetos de futuro distintos. O contraste deixou claro que, em meio às comemorações de independência, o país segue dependente de sua capacidade de dialogar e de reconstruir pontes num momento de tensões internas e externas.