Redação ON
As Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) chegaram no Brasil para ficar. A lei aprovada em 2022 mudou a vida de vários clubes, uns mais e outros menos. Há casos de SAFs que deram muitíssimo certo – como a do Botafogo carioca -, e outras que trouxeram até uma boa dose de “má sorte”, como foi o caso do Vasco da Gama.
A boa notícia, como já mostramos aqui no ON, é que o Botafogo-PB também está entrando nessa onda. Se tudo acontecer dentro do previsto, até o fim do ano um dos maiores da Paraíba se transformará em clube-empresa. O projeto prevê a venda de 90% das ações do departamento de futebol aos empresários Lucas Franzato e Celso Colombo, por R$ 260 milhões, distribuídos ao longo de 15 anos.
Mas, para quem não se lembra, esse modelo de SAF já foi implementado no Botafogo Futebol Clube quase meio século atrás. Recorde-se que, no começo do ano de 1976, o empresário paulista José Flávio Pinheiro Lima desembarcou em João Pessoa para montar a ADESENE, fábrica de fitas adesivas, e, apaixonado por futebol, decidiu simultaneamente assumir o controle do Botafogo, que vivia na época uma grave crise financeira.
José Flávio era conselheiro do São Paulo Futebol Clube e, respaldado pelo poderoso clube paulista, conseguiu montar um time imbatível para os padrões locais.
Todo botafoguense da velha guarda se lembra de nomes como Mauro, Viana, Muller, José Carlos e Piau, que fizeram parte de um verdadeiro timaço da década de 1970.
Desses nomes citados aí, trazidos invariavelmente das categorias de base do São Paulo, alguns voltaram e foram aproveitados no time principal do Morumbi. O meia Viana, por exemplo, um camisa 10 habilidosíssimo, e foi titular do São Paulo durante um bom tempo.
Com essa equipe imbatível, o Botafogo foi tricampeão paraibano e conseguiu projeção nacional, fazendo jogos memoráveis no Campeonato Brasileiro de 1976.
Lógico que, oficialmente, a gestão de José Flávio não pode ser chamada de SAF – até porque a lei é bem recente e naquela época ninguém sabia o que era isso – mas, a rigor, o “modus operandi” foi rigorosamente o mesmo.
José Flávio chegou aqui e simplesmente tirou o Botafogo do buraco. Muitos se lembram, por exemplo, das filas de credores que se formavam na porta da ADESENE, no Distrito Industrial, para negociar acordos com o novo dono da “empresa”. Zé Flávio tirava dinheiro do próprio bolso pra acertar as contas, e nunca pediu ressarcimento pelo investimento feito no clube.
Antes de ir embora daqui, o cartola ainda deixou a sua marca para sempre na história do clube paraibano. Foi na gestão dele que o Botafogo passou a usar a estilosa estrela vermelha no seu escudo, criando assim um importante e definitivo diferencial em relação ao seu homônimo do Rio de Janeiro.
A ideia da estrela vermelha – Como nos contou o filho de José Flávio, o empresário Flávio Rodolfo Pinheiro Lima – a ideia foi na verdade do radialista Ivan Thomáz, narrador da Rádio Tabajara, primeiro apresentador e editor do Globo Esporte da afiliada da Globo na Paraíba; Ivan também era um publicitário genial.
Flávio Rodolfo, que acompanhou os passos do pai desde o primeiro momento, anos depois chegou a ser diretor de futebol e até presidente do clube. Nos vídeos a seguir, separamos alguns dos trechos mais importantes da entrevista que Rodolfo concedeu a Marcondes Brito e Pessoa. Jr, de O Norte Online. Ele contou detalhes da época da chegada desse “Messias” que, 48 anos atrás, aportou em terras paraibanas para fazer história. Clique AQUI se preferir assistir a entrevista completa.
A chegada de José Flávio no Botafogo
Flávio Rodolfo, filho de José Flávio, conta detalhes do desembarque de sua família em terras paraibanas, na segunda metade da década de 70.
O Botafogo valia 10 vezes mais do que hoje
Quanto valia aquele timão do Botafogo da década de 70? É difícil fazer essa conta, mas o filho de José Flávio fez.
José Flávio foi o “deputado” mais votado da PB sem ser candidato
Quando não existia urna eletrônica, os eleitores escreviam o nome do candidato na cédula. Na década de 70, “meio mundo de gente” votou em José Flávio, que nem era candidato.
O que Ricardo Coutinho tem a ver com José Flávio?
O ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho era chefe da Torcida Jovem do Botinha e fez campanha para José Flávio não ir embora do clube.
Saiba quem teve a genial ideia da estrela vermelha
Ao pintar de vermelho a sua estrela solitária, o Bota-PB criou um importante e definitivo diferencial em relação ao seu homônimo do Rio de Janeiro.