Integrantes da gestão de Donald Trump já sinalizaram a aliados bolsonaristas que, caso a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) esteja nos Estados Unidos, um eventual pedido de extradição feito pelo Brasil será negado. A informação, tratada nos bastidores, é vista como um possível gesto de proteção política — o que adiciona combustível à já delicada relação diplomática entre os dois países.
Zambelli deixou o Brasil após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, com perda do mandato. Sua saída foi interpretada como uma tentativa de se esquivar da execução da pena. Diante disso, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva da parlamentar, autorizou a inclusão de seu nome na lista da Interpol e iniciou os trâmites para sua extradição.
A possível negativa dos Estados Unidos ao pedido oficial do STF é mais do que um entrave jurídico: é um gesto político direto ao Judiciário brasileiro, especialmente à figura de Moraes, que tem sido alvo frequente de críticas da direita americana mais radical. O gesto também reforça a aproximação ideológica entre Trump e Jair Bolsonaro, cujos seguidores seguem articulados internacionalmente.
Aliados da deputada afirmam que ela estaria reavaliando seus planos de ir para a Itália, país onde, mesmo com cidadania europeia, a extradição é considerada mais provável. Nos EUA, além da sinalização de proteção, Zambelli contaria com uma rede ativa de apoio bolsonarista, sobretudo na Flórida, onde vivem milhares de brasileiros simpáticos ao ex-presidente.
A possível permanência de Zambelli nos Estados Unidos, sob o guarda-chuva político de Trump, cria um novo capítulo no embate entre bolsonarismo e o sistema de justiça brasileiro — agora com repercussões internacionais.