Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump tem promovido uma expansão agressiva dos seus negócios internacionais — muitas vezes em paralelo a agendas oficiais. O padrão se repete: enquanto viaja em nome do cargo mais poderoso do planeta, surgem novas empresas ligadas à Trump Organization em países estratégicos, geralmente com promessas de grandes empreendimentos imobiliários ou projetos de licenciamento.
Segundo o site da Forbes, em ampla reportagem assinada por Dan Alexander, a mais recente movimentação ocorreu no dia 30 de janeiro, apenas dez dias após a posse. Duas novas companhias foram registradas no estado de Delaware com nomes sugestivos: DT Marks Abu Dhabi LLC e DT Marks Abu Dhabi Member Corp. A estrutura segue o mesmo modelo usado em mais de 30 outras entidades que carregam as iniciais do ex-magnata, seguidas do nome de uma cidade onde ele pretende lucrar com a marca Trump.
Mesmo prometendo em mandatos anteriores não fechar novos negócios internacionais enquanto presidente, Trump ignora as advertências éticas e avança com acordos em países como Emirados Árabes, Hungria, Sérvia, Índia e Omã — geralmente firmados pouco antes ou logo após visitas oficiais. A receita com licenciamento internacional saltou de US$ 6 milhões para quase US$ 50 milhões em um ano, e novos registros corporativos indicam que esse crescimento está longe de parar.
A prática reabre o debate sobre o conflito de interesses e a violação da chamada cláusula dos emolumentos, prevista na Constituição americana, que proíbe autoridades de receberem benefícios de governos estrangeiros sem aprovação do Congresso. Para especialistas em ética pública, como Walter Shaub e Richard Painter, Trump destruiu qualquer parâmetro institucional sobre o tema. Mas a ausência de consequências jurídicas e a fadiga da opinião pública diante dos sucessivos escândalos parecem deixar caminho livre para que o presidente use o cargo como uma poderosa alavanca para o próprio império empresarial.