sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Trump já assinou ordem de tarifa de 50% contra o Brasil e ignora todas as tentativas de negociação
30/07/2025 15:23
Redação ON Reprodução

O presidente dos EUA, Donald J. Trump, já assinou uma ordem executiva que aumenta em 40% as tarifas sobre produtos brasileiros, totalizando 50%. A medida, justificada como resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, ameaçam a segurança nacional, a política externa e a economia dos EUA, foi baseada na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA), declarando uma nova emergência nacional e intensificando as tensões diplomáticas entre os dois países.

A medida representa um duro golpe nas relações comerciais entre os dois países e frustra uma série de tentativas de negociação empreendidas pelo governo brasileiro e por entidades empresariais.

Desde que Trump anunciou a sobretaxa no dia 9 de julho, o Brasil buscou insistentemente evitar a medida. O embaixador brasileiro em Washington foi mobilizado, e uma delegação de senadores esteve nos EUA em conversas com congressistas e empresários, mas nenhum canal de diálogo com a Casa Branca foi aberto. Segundo integrantes da missão, Trump se recusou a autorizar qualquer negociação com representantes do Brasil.

Nem mesmo a pressão de setores empresariais conseguiu alterar a decisão. A U.S. Chamber of Commerce e a Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) emitiram nota conjunta pedindo que Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “se engajem em negociações de alto nível a fim de evitar a implementação da tarifa de 50%”. As duas entidades lembraram que mais de 6,5 mil pequenas empresas americanas dependem de produtos importados do Brasil e que 3,9 mil companhias dos EUA têm investimentos diretos no país.

Outros segmentos também se mobilizaram. As importadoras de suco de laranja Johanna Foods e Johanna Beverage Company recorreram ao Tribunal de Comércio Internacional (CIT) para pedir alívio emergencial, alegando que a medida pode forçar um aumento de até 25% nos preços finais ao consumidor e colocar em risco 700 empregos. O Brasil é o principal fornecedor de suco de laranja para o mercado americano, que responde por 41,7% das exportações brasileiras do produto.

A decisão de Trump, porém, foi tomada à revelia de todas as tentativas de diálogo. O presidente americano chegou a firmar recentemente acordos para reduzir tarifas impostas à União Europeia, mas manteve a retaliação contra o Brasil. Empresários americanos alertam que a medida pode afetar desde grandes cadeias industriais até pequenos negócios, como o café Rock City, no estado do Maine, cujo comunicado aos clientes nas redes sociais na semana passada resumiu o clima de apreensão: “Temos más notícias”.

A expectativa no mercado é de que o impacto da tarifa seja imediato, com aumento de preços e retração nas exportações. No Brasil, o governo avalia possíveis medidas de retaliação, mas interlocutores admitem que o cenário é de forte pressão econômica e diplomática a partir desta sexta-feira.

canal whatsapp banner

Compartilhe: