Donald Trump voltou à presidência dos Estados Unidos impulsionado pelos melhores índices de aprovação de sua trajetória política. No entanto, menos de 100 dias depois de reassumir o Salão Oval, o cenário já é de forte desgaste. Pesquisa da CNN, realizada pela SSRS, revela que o republicano amarga a pior avaliação para um presidente recém-eleito desde Dwight Eisenhower (1953-1961).
O levantamento mostra que apenas 41% dos americanos aprovam o desempenho de Trump — índice inferior até mesmo ao de seu primeiro mandato. A desaprovação forte chega a 45%, enquanto apenas 22% afirmam apoiar sua gestão com entusiasmo, um recorde negativo.
O desgaste se acentuou rapidamente: em comparação a março, a aprovação de Trump caiu quatro pontos. Entre mulheres e hispano-americanos, a queda foi ainda mais acentuada, de sete pontos em cada grupo. Hoje, só 36% das mulheres e 28% dos hispânicos avaliam positivamente seu governo.
Entre republicanos, Trump ainda mantém apoio maciço (86%), mas entre independentes, a situação é crítica: a aprovação despencou para 31%, igualando os piores índices de seu primeiro mandato.
Desgaste em todas as áreas
O republicano também perde terreno em todas as principais áreas de governo. Na economia, a aprovação caiu para 39%, a menor da carreira, em meio a temores sobre inflação e volatilidade no mercado gerados por suas novas políticas tarifárias.
Em política externa, o apoio é de apenas 39%, enquanto 60% desaprovam sua condução — reflexo da postura mais amigável com a Rússia e dos cortes em programas de ajuda internacional.
Na imigração, tema central de sua campanha, a aprovação caiu seis pontos desde março, para 45%. Apenas na pauta de identidade de gênero Trump colhe algum respaldo: 51% aprovam sua decisão de impor definições rígidas de gênero, medida celebrada pela base conservadora.
Governo cada vez mais isolado
As ações de Trump para remodelar o governo federal também sofrem rejeição crescente. Apenas 43% acreditam que suas mudanças em Washington sejam necessárias, enquanto 57% veem risco desnecessário.
Seu vice, JD Vance, que lidera esforços controversos na área cultural — como mudanças nos museus do Smithsonian —, também amarga alta rejeição: 58% desaprovam sua atuação.
A confiança dos americanos no presidente caiu de forma significativa desde dezembro: apenas 46% acreditam que ele usa o poder presidencial com responsabilidade, queda de oito pontos.
Promessas em dúvida
Embora 55% reconheçam que Trump tomou medidas para resolver problemas do país, apenas 28% acreditam que ele já tenha promovido mudanças reais. A maioria ainda vê sua liderança como divisiva e precipitada, com críticas frequentes ao uso excessivo de decretos executivos — muitos deles já contestados na Justiça.
Mesmo entre eleitores favoráveis, como George Mastrodonato, a avaliação é de que Trump precisa ser mais cauteloso: “Ele parece o Yosemite Sam, sabe? Disparando com duas armas nas duas mãos — algumas medidas grudam, outras não.”
O futuro do país
A pesquisa aponta que 52% dos americanos acreditam que o segundo mandato de Trump mudará o país de forma fundamental e duradoura — mas nem todos veem essa transformação como positiva.
Enquanto isso, a Casa Branca pede paciência e confiança, em meio a um cenário que indica que os próximos meses de governo serão de tensão crescente entre o presidente e a opinião pública.
A pesquisa entrevistou 1.678 adultos entre 17 e 24 de abril, com margem de erro de 2,9 pontos percentuais.