Donald Trump voltou a bater pino. E pra quem não conhece a expressão — muito popular aqui no Nordeste, especialmente na Paraíba — ela é usada quando alguém recua, foge do embate, “amarela” depois de fazer muito barulho. Pois bem, foi exatamente o que o ex-presidente dos Estados Unidos fez mais uma vez em relação aos seus polêmicos tarifaços.

Depois de anunciar, com pompa e ameaça, que imporia pesadas tarifas sobre uma série de produtos tecnológicos importados da China — incluindo celulares, computadores e chips —, Trump voltou atrás. Num novo recuo, retirou esses itens da lista, o que mostra que, na prática, a retórica agressiva esbarra na realidade do consumo e da economia norte-americana.

A medida, inicialmente apresentada como uma forma de proteger a indústria dos EUA, vinha gerando fortes críticas do setor empresarial e inquietação entre consumidores, temendo aumento nos preços de produtos básicos do dia a dia. O temor era justificado: gigantes como Apple e Dell já haviam sinalizado impacto direto nos preços e até em seus cronogramas de produção.

Diante da pressão — e, talvez, da constatação de que mexer com o bolso do americano médio é mais arriscado do que encarar a China — Trump decidiu recuar. E como já não é a primeira vez que isso acontece, a expressão “bateu pino” se encaixa com perfeição no roteiro político-econômico do ex-presidente. Fala grosso, promete guerra comercial, mas na hora do vamos ver… pisa no freio.

Esse mais recente recuo enfraquece o discurso de enfrentamento total com a China e mostra que, mesmo em campanha, Trump precisa ceder a lobbies e interesses econômicos domésticos. A briga geopolítica pode render manchete, mas o que pesa mesmo é o custo do iPhone novo nas lojas.

Enquanto isso, o mundo observa o ex-presidente continuar sua estratégia de gritar para negociar — ou de bater pino e voltar atrás, dependendo do ponto de vista.