sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Trump ameaça Brics e impõe tarifa extra a países alinhados ao bloco; Brasil pode ficar fora de novos acordos com os EUA
07/07/2025 07:02
Redação ON Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou neste domingo (6) uma nova ofensiva contra o Brics, ameaçando impor tarifas adicionais de 10% a todos os países que se alinharem às políticas do grupo de economias emergentes. A declaração, feita nas redes sociais, ocorre poucas horas após o encerramento da cúpula do bloco no Rio de Janeiro — e representa um ataque direto à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. A informação é de Jamil Chade, no UOL.

“Qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas do BRICS terá de pagar uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política. Obrigado por sua atenção a esse assunto!”, escreveu Trump.

Desde sua vitória nas eleições de 2024, o republicano vem endurecendo o discurso contra o Brics, especialmente diante das discussões sobre o uso de moedas locais no comércio internacional e um possível abandono do dólar. Em declarações anteriores, Trump já havia ameaçado impor tarifas de até 100% a países que deixassem de adotar a moeda americana.

Em mais de uma ocasião, o presidente chegou a declarar o bloco como “morto”, atribuindo o suposto recuo do Brics às suas próprias ameaças. Em um episódio que repercutiu na Europa, ele chegou a insinuar que a Espanha faria parte do grupo — o que nunca ocorreu.

Na declaração final da cúpula do Brics no Rio, o bloco expressou apoio ao Irã, defendeu os palestinos em Gaza, criticou as tarifas americanas e propôs a regulação das Big Techs — temas vistos como afrontas diretas à política externa dos EUA. Ainda assim, Trump não especificou quais pontos seriam considerados “antiamericanos” para justificar a nova tarifa.

Brasil fora da lista?

A escalada de tensão ocorre no momento em que o governo Lula ainda buscava um entendimento com Washington. Segundo apuração do portal UOL, uma videoconferência entre representantes dos dois países foi realizada na última sexta-feira (4), em mais uma tentativa de evitar a imposição das tarifas.

No entanto, o clima em Brasília é de pessimismo. Há temor no Palácio do Planalto de que o Brasil fique de fora dos acordos comerciais que a Casa Branca deve anunciar nesta segunda-feira (7), ao meio-dia, no horário de Washington.

“Tenho o prazer de anunciar que as Cartas Tarifárias e/ou Acordos dos ESTADOS UNIDOS com vários países do mundo serão entregues a partir das 12:00 P.M. (Leste), segunda-feira, 7 de julho”, declarou Trump em suas redes sociais.

Segundo o Tesouro americano, 18 países prioritários — incluindo Índia, Japão, Tailândia e a União Europeia — estão na mira da diplomacia comercial americana. O Brasil, até o momento, não figura entre os confirmados.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarou à CNN que alguns países estariam “protelando” negociações. Há duas semanas, o Brasil propôs reduzir tarifas sobre o etanol americano, desde que os EUA fizessem o mesmo com o açúcar brasileiro. Mas a proposta ficou sem resposta por dias.

Durante as tratativas, participaram ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

Em abril, o governo Trump já havia anunciado aumento de tarifas sobre produtos de mais de 180 países — incluindo o Brasil, que recebeu uma taxa geral de 10% e um adicional de 50% sobre o aço. Algumas dessas tarifas foram temporariamente suspensas, enquanto os EUA negociavam acordos bilaterais.

Porém, dados recentes da Câmara de Comércio Brasil-EUA apontam que os impostos extras já impactam as exportações brasileiras. Cinco dos dez principais produtos exportados para os EUA registraram queda, e o superávit comercial americano com o Brasil subiu para US$ 1 bilhão.

Neste fim de semana, o secretário Bessent confirmou que as tarifas voltarão a ser plenamente aplicadas a partir de 1º de agosto para todos os países que não fecharem acordo com os EUA. Cerca de 100 nações de menor relevância comercial também receberão notificações formais sobre o status de suas relações tarifárias com Washington.

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