- Redação ON
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) decidiu, nesta quinta-feira (30), por 5 votos a 2, cassar o mandato da deputada federal Carla Zambelli e torná-la inelegível por oito anos. A decisão foi baseada em acusações de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral. A defesa de Zambelli afirmou que recorrerá da decisão.
O julgamento havia sido iniciado anteriormente, mas foi suspenso após um pedido de vista para análise mais detalhada do caso. Durante o processo, a defesa argumentou que não houve irregularidades que justificassem a cassação do mandato. No entanto, a maioria dos desembargadores entendeu que as evidências apresentadas eram suficientes para comprovar as acusações.
Com a decisão, Carla Zambelli perde o mandato de deputada federal e fica impedida de concorrer a cargos eletivos pelos próximos oito anos. A defesa ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tentativa de reverter a decisão. Enquanto o recurso não é julgado, Zambelli permanece no exercício do mandato.
Perseguição política
Em nota, a deputada afirmou que sofre uma injustiça. “O TRE-SP entendeu por anular os votos de 946.244 cidadãos paulistas e cassar meu mandato de deputada federal. Essa decisão não tem efeitos imediatos, e irei continuar representando São Paulo e meus eleitores até o encerramento dos recursos cabíveis”.
A parlamentar alegou perseguição política. “Fica claro que a perseguição política em nosso país, contra os conservadores, é visível como o Sol do meio-dia. Continuarei a lutar todos os dias de minha vida ao lado de vocês, para que tenhamos a esperança de um Brasil próspero e digno para o povo brasileiro”.
Histórico de problemas
Carla Zambelli, deputada federal por São Paulo e uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro, acumulou diversas polêmicas e controvérsias ao longo de sua trajetória política. Uma das mais marcantes foi sua participação em atos antidemocráticos, defendendo pautas como o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar. Além disso, esteve envolvida em conflitos diretos com ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes, a quem já fez duras críticas públicas. Essas ações a colocaram como alvo de investigações no inquérito das fake news e nos procedimentos que apuram atos contra a democracia.
Outro episódio de grande repercussão ocorreu em outubro de 2022, na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, quando Zambelli sacou uma arma e perseguiu um homem negro em São Paulo após uma discussão política. O caso gerou forte reação da opinião pública e levou à abertura de investigações contra a deputada, pois o porte de armas para parlamentares não se estende a situações fora do Congresso Nacional. A Polícia Federal e o Ministério Público Eleitoral avaliaram que a atitude poderia configurar crime eleitoral e abuso de poder.
Além desses casos, Zambelli também se envolveu em disseminação de desinformação, sendo acusada de propagar fake news sobre temas como urnas eletrônicas, Covid-19 e ações do STF. Suas declarações frequentemente geraram crises institucionais e embates com jornalistas, colegas parlamentares e integrantes do Judiciário. A cassação de seu mandato pelo TRE-SP, sob a acusação de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, é mais um capítulo de sua trajetória marcada por polêmicas e embates judiciais.