A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, anunciada nesta quarta-feira (9), caiu como uma bomba na economia brasileira — e promete desencadear uma guerra comercial de consequências imprevisíveis.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o tarifaço pode comprometer a competitividade de cerca de 10 mil empresas exportadoras e trazer “muitos prejuízos” à economia nacional. E o impacto vai além: a Amcham Brasil alerta que empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas correm sério risco com a medida.
“Trata-se de uma medida com potencial para causar impactos severos sobre empregos e cadeias produtivas entre os dois países”, afirma a Amcham, em nota.
Trump justificou as tarifas com críticas à atuação do STF no caso Bolsonaro e à suposta “falta de liberdade democrática” no Brasil. Mas os dados jogam contra o discurso: os EUA têm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, somando US$ 256,9 bilhões quando se inclui o comércio de serviços, segundo a CNI.
Em 2024, apenas no comércio de bens e serviços, o saldo favorável aos americanos foi de US$ 29,2 bilhões.
Reciprocidade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deixou barato. Em resposta, anunciou que o Brasil irá reagir com base na Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso. A lei autoriza retaliações comerciais a medidas unilaterais de outros países.
“Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”, escreveu Lula na rede social X.
Trump citou o ex-presidente Jair Bolsonaro ao justificar a medida, chamando-o de “líder respeitado” e acusando o Brasil de perseguir opositores e de atacar “eleições livres”. O gesto político eleva ainda mais a temperatura da já delicada relação entre os dois países.
O movimento do republicano, que também ameaça países do BRICS com tarifas extras, é visto como tentativa de marcar posição ideológica no cenário internacional, às custas de uma relação bilateral que, até agora, era comercialmente vantajosa para os EUA.