Tarciana Medeiros, nascida em 1978 na cidade de Campina Grande, atual presidente do Banco do Brasil, é a única brasileira na lista da Forbes das 100 Mulheres Mais Poderosas do Mundo em 2024. Antes de prestar o concurso para entrar no banco, foi feirante, em 1988, e professora, em 1998, 1999 e em março de 2000. A origem humilde, como definiu a própria Taciana, não impediu o sucesso na carreira.
No BB, ela exerceu várias funções, até chegar ao cargo mais alto. Numa entrevista, ela afirmou que “claro que, como feirante, não tinha planos para ser presidente. Mas a trajetória de dedicação, estudo e planejamento me fez estar onde estou”, revelou.
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Em meio à incerteza econômica e às tensões geopolíticas que redefinem a ordem global em 2024, uma questão crucial surge: o poder feminino está avançando ou recuando?
Nos mais altos escalões de poder, o domínio masculino persiste. Três das quatro maiores economias do mundo nunca foram lideradas por uma mulher. Kamala Harris, cuja ascensão à vice-presidência representou um avanço das mulheres na política, enfrentou uma derrota decisiva em sua candidatura à presidência dos Estados Unidos.
No Vale do Silício, as cinco maiores empresas de tecnologia ainda não têm mulheres como CEOs, enquanto em Wall Street, apenas Jane Fraser, do Citigroup, lidera um grande banco.
No Brasil, apenas cinco mulheres estão à frente de companhias listadas na bolsa brasileira: Magda Chambriard, da Petrobras, Magali Leite, da Espaçolaser, Jeane Tsutsui, do Fleury, Cristina Betts, do Iguatemi, e Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil. Esta última é também a única brasileira na lista da Forbes das 100 Mulheres Mais Poderosas do Mundo em 2024.
Focar apenas nessas métricas deixa de lado uma transformação profunda destacada pelo ranking: embora as hierarquias estabelecidas permaneçam resistentes a mudanças, as mulheres estão cada vez mais liderando setores cruciais onde as indústrias se transformam. Da inteligência artificial às estruturas políticas, suas decisões reverberam por diversos segmentos e moldam sociedades. Sua influência nem sempre vem de cargos tradicionais, mas de posições estratégicas no centro das mudanças, revelando uma nova forma de poder, potencialmente mais impactante.
Essa dinâmica é evidente no topo da lista. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (1º lugar), e a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde (2º lugar), juntas moldam o destino da economia de US$ 18 trilhões (R$ 108,9 trilhões) da União Europeia, com decisões que impactam desde a regulamentação da IA até políticas climáticas.
Giorgia Meloni (3º lugar), primeira-ministra da Itália, lidera a terceira maior economia da UE durante uma transição significativa, enquanto Claudia Sheinbaum (4º lugar), primeira mulher presidente do México, governa a 15ª maior economia do mundo em um momento de transformação regional.
Esse movimento é ainda mais evidente na construção do futuro da inteligência artificial. Lisa Su (26º lugar) transformou a AMD de uma empresa quase irrelevante em um agente essencial no setor de IA, com as ações subindo quase 50 vezes em sua gestão de 10 anos.
Na Oracle, Safra Catz (17º lugar) liderou uma das mais impressionantes transformações na computação em nuvem. Ainda mais incrível é a concentração de mulheres CFOs, como Colette Kress (55º lugar) na Nvidia, Amy Hood (23º lugar) na Microsoft, e Susan Li (41º lugar) na Meta, que estão construindo a infraestrutura global de IA enquanto essas empresas redefinem indústrias inteiras.
A promoção de Ruth Porat (12º lugar) a presidente e Chief Investment Officer da Alphabet (controladora do Google) reflete como o cargo de CFO se tornou um caminho estratégico para conquistar influência nas maiores empresas de tecnologia.
Talvez o mais surpreendente seja como essa influência pode surgir de lugares inesperados. Aos 22 anos, a fenômeno do basquete Caitlin Clark (100º lugar) demonstra como as regras podem mudar rapidamente. Ao atrair mais público que os campeonatos masculinos e quebrar recordes de audiência da WNBA (a liga de basquete feminino dos EUA) antes mesmo de estrear profissionalmente, ela está forçando a indústria a reavaliar seus pressupostos sobre valores de mercado e potencial econômico. Seu impacto vai além dos esportes, abrangendo direitos de mídia, publicidade e expectativas culturais.