A audiência de custódia de Jair Bolsonaro foi concluída no início da tarde deste domingo (23), após cerca de meia hora de sessão por videoconferência. Segundo fontes ouvidas pelo portal,, o ex-presidente relatou que a tentativa de avariar a tornozeleira eletrônica teria ocorrido durante um suposto “surto”, acompanhado de paranoia e alucinações, que ele atribuiu à interação de medicamentos prescritos por diferentes profissionais. Apesar disso, negou qualquer intenção de fuga.
A sessão teve caráter formal: serviu para atestar as condições de apresentação do ex-presidente, registrar o atendimento aos direitos previstos na Resolução 213 do CNJ e verificar eventuais abusos no cumprimento do mandado. Bolsonaro permanece em prisão preventiva na Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal.
Durante a audiência, conduzida pela juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, ele confirmou ter conversado reservadamente com seus advogados antes do ato. Indagado sobre o episódio da madrugada, afirmou que “não houve rompimento da cinta” e disse que já havia danificado a tornozeleira anteriormente durante um exame de tomografia. Também negou que a vigília convocada por seu filho pudesse configurar tumulto para facilitar fuga, afirmando que o grupo estava a aproximadamente setecentos metros de sua casa.
A juíza questionou Bolsonaro sobre os médicos responsáveis pelos medicamentos mencionados na audiência, cuja interação teria provocado o surto que o levou a mexer na tornozeleira. Ele listou os profissionais Cláudio Birolini, Leandro Chenique e Marina Graziottin Pasolini, sendo esta última responsável pela prescrição de Sertralina. Disse ainda que não comunicou os demais médicos sobre a interação medicamentosa.
Outro ponto abordado foi o equipamento de solda encontrado em sua residência. Perguntado se o material era seu ou havia sido fornecido por terceiros, Bolsonaro afirmou que já possuía o equipamento em casa.
Ao final, a juíza registrou não haver abuso, irregularidade ou violação de direitos no cumprimento do mandado. Considerando o procedimento regular e as formalidades legais atendidas, homologou a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes nos autos da Pet 14.129/DF e determinou o retorno dos autos ao relator para análise de mérito.
Por se tratar de audiência por videoconferência, ficou dispensada a assinatura presencial de Bolsonaro, e o termo foi finalizado pelo assessor do ministro, Jefferson Pessoa da Silva.