O caso do soldado israelense Yuval Vagdani, que interrompeu suas férias na Bahia às pressas, não é o único do tipo. Ele saiu do Brasil no último sábado, dia 4, depois de a Justiça brasileira solicitou a abertura de uma investigação à Polícia Federal por supostos crimes de guerra em Gaza.
O jornal francês Le Figaro publicou que Yuval Vagdani deixou o Brasil com a ajuda da embaixada israelense. Ele é reservista de 21 anos e teria embarcado em um voo de Salvador para Buenos Aires. Outros três soldados israelenses, pelo menos, precisaram deixar as férias às pressas em outros países.
De acordo com o Le Figaro, ocorreram casos idênticos em Chipre, na Holanda e na Eslovênia nas últimas semanas. Eles deixaram os países por recomendação dos serviços de inteligência israelenses. Dezenas de soldados israelenses correm risco de serem investigados por crimes de guerra em vários países do mundo, diz o jornal.
Os militares seriam alvos de ações judiciais promovidas por várias ONGs pró-palestinas ou de defesa dos direitos humanos.
No caso do soldado que deixou o Brasil, o ministro israelense de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, fez duras críticas e enviou uma carta ao deputado Eduardo Bolsonaro condenando a decisão da Justiça brasileira. Ele aproveitou, apesar de não haver relação da decisão judicial com o Governo Federal, para acusar o governo Lula de perseguir israelenses.
Porém, a situação ocorre em várias partes do mundo. Na Austrália, por exemplo, antes de conceder vistos de entrada a militares israelenses, o governo tem exigido que eles respondam a um questionário detalhado que inclui perguntas se “participaram ou testemunharam genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade”.
O exército israelense não está proibindo seus soldados de permanecerem no exterior. Mas os casos considerados de potencial problemático têm passado por uma avaliação de risco em relação ao país para onde os militares pretendem viajar.
A precaução foi reforçada na sequência dos mandados de detenção emitidos em 21 de novembro pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant. Eles são acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.
O Estado-Maior israelense tem recomendado aos militares discrição em relação às operações que efetuam em Gaza e na Cisjordânia. Contudo, é comum que soldados e reservistas divulgam abertamente nas redes sociais fotos e vídeos de abusos, saques, ameaças feitas contra civis, soldados dançando entre escombros ou posando com bichos de pelúcia de crianças palestinas.
As denúncias feitas contra o soldado Yuval Vagnadi pela ONG belga The Hind Rajab Fondation (HRF) pedindo abertura da investigação contra o reservista durante suas férias na Bahia, ocorreu por conta das próprias fotos postadas pelo militar em suas redes sociais durante os combates em Gaza.
Da redação do ON com agências internacionais
Foto: Soldado Yuval Vagnadi/Redes sociais/Reprodução
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