O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), subiu o tom como nunca antes na disputa pela sucessão estadual em 2026. Em entrevista concedida nesta segunda-feira (7) à rádio Arapuan FM, Cícero reagiu com firmeza às especulações de que sua pré-candidatura ao governo da Paraíba estaria sendo descartada.
“Só aceito ser descartado por Deus e pelo povo”, cravou o prefeito, num recado direto à base governista.
A declaração é vista como uma resposta ao clima nos bastidores, onde ganha força a preferência do governador João Azevêdo (PSB) pelo nome do atual vice-governador, Lucas Ribeiro (PP), como candidato da situação ao Palácio da Redenção.
Sem disfarçar o incômodo, Cícero cobrou “bom senso” de seu partido, o Progressistas, e da base aliada do governo para que o critério da escolha leve em conta sua trajetória política e sua condição de prefeito da capital.
“O grupo tem que debater qual será o critério. Eu não aceito ser excluído sem razão. Preciso de um argumento para não ser o candidato.”
A postura de Cícero indica que o tom da disputa interna está mudando. Nos bastidores, interlocutores avaliam que o prefeito, conhecido por um estilo mais conciliador, “trocou o cavalo sem sela por um touro brabo”.
Durante a recente agenda do governador pelo sertão — especialmente em Cajazeiras e Sousa — João Azevêdo deu destaque visível ao vice-governador Lucas Ribeiro e ao prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), em detrimento de Cícero, mesmo com o prefeito da capital ao lado durante os compromissos. O gesto foi lido como sinalização política.
Com a fala desta segunda-feira, Cícero mostra que não pretende assistir calado à definição da candidatura governista. E marca seu espaço: se depender dele, a disputa ainda está em aberto — com ou sem “preferido” do governador.