O Senado dos Estados Unidos aprovou, na noite desta terça-feira (28), uma resolução que tenta barrar as tarifas adicionais de 40% sobre importações brasileiras impostas pelo governo Donald Trump. O texto ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados americana antes de seguir para sanção presidencial.

A votação terminou em 52 a 48. Entre os favoráveis, cinco senadores são republicanos — um gesto considerado raro em meio à polarização em torno das medidas econômicas do atual governo. O projeto, no entanto, pode enfrentar obstáculos na Câmara, onde uma resolução anterior, aprovada por aliados de Trump, impede a deliberação de propostas que contestem o aumento tarifário.

O senador Tim Kaine, da Virgínia, um dos autores do texto, citou no plenário o impacto direto dos aumentos sobre os consumidores americanos — especialmente no preço do café — como argumento central para a aprovação. “Essas tarifas não protegem empregos, apenas encarecem produtos que fazem parte do dia a dia dos americanos”, afirmou.

A proposta revoga a decisão de Trump de aplicar sobretaxas com base na Lei de Poderes de Emergência Econômica Internacional (IEEPA). Os autores da resolução contestam o uso da lei, argumentando que não há situação de emergência econômica com o Brasil, já que a balança comercial é amplamente favorável aos Estados Unidos.

Além de Kaine, o texto tem apoio de outros quatro senadores: Jeanne Shaheen (Nova Hampshire), Ron Wyden (Oregon), Rand Paul (Kentucky) e Chuck Schumer (Nova York), líder da minoria democrata.

Se aprovada também pela Câmara, a resolução representará a primeira tentativa concreta do Congresso americano de frear o chamado “tarifaço” que reacendeu tensões diplomáticas com o Brasil e ameaçou setores estratégicos da exportação nacional.