O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) resolveu abrir o jogo e revelou a estratégia da oposição para tentar aprovar, na Câmara, uma anistia ampla, geral e irrestrita que contemple também o ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi feita em entrevista ao jornalista Paulo Capelli, do portal Metrópoles.

Segundo Nikolas, se o texto do relator Paulinho da Força (SD) não incluir Bolsonaro e outros nomes ligados aos atos de 8 de janeiro, a oposição já tem a carta na manga: apresentar destaques que obriguem a Câmara a votar, ponto a ponto, a inclusão dos aliados do ex-presidente. “Uma anistia é o caminho da pacificação do nosso país”, declarou.

O plano, porém, está longe de ser simples. Primeiro, porque o próprio relator resiste em adotar a fórmula da “anistia ampla, geral e irrestrita”. Paulinho da Força sinaliza que não pretende abrir a porta para todos os envolvidos, sobretudo figuras de maior peso político.

Se conseguir passar na Câmara, a proposta ainda terá de enfrentar o Senado, onde a oposição é minoria. O próprio Nikolas reconhece: “Será a próxima batalha”.

E mesmo que passe pelo Congresso, há pelo menos dois obstáculos finais quase intransponíveis: o Supremo Tribunal Federal, que pode considerar a medida inconstitucional, e a caneta do presidente Lula, que já deixou claro que não sancionará um projeto nesse formato.

No discurso inflamado de Nikolas, a anistia surge como bandeira de pacificação nacional. Na prática, é um caminho cheio de minas: resistência no relatório, risco de derrota no Senado, ameaça de veto presidencial e revisão judicial. Ainda assim, o deputado aposta na mobilização das redes para pressionar os parlamentares.

Para a oposição, o sonho é a anistia ampla, geral e restrita. Mas, diante de tantos obstáculos, o risco é transformar o plano de Nikolas em mais uma batalha perdida no campo político e jurídico.