O que une Belém a Nice, Brasília a Paris, pode ir muito além de acordos comerciais e discursos protocolares. Pode ser, por exemplo, uma canção. E foi justamente uma música paraibana — Vaitimbora, de Jonathas Falcão, o Seu Pereira — a trilha sonora escolhida pelo presidente francês Emmanuel Macron para homenagear Luiz Inácio Lula da Silva após a visita oficial do brasileiro ao país europeu. Um gesto simples, mas de uma força simbólica imensa.
Em publicação nas redes sociais, Macron agradeceu pela presença de Lula com palavras calorosas sobre cooperação internacional, sustentabilidade e amizade entre os povos. Mas o que roubou a cena foi a trilha sonora da mensagem: uma faixa de autoria nordestina, nascida nos becos sonoros de João Pessoa e que, graças à releitura eletrônica do duo francês Trinix, ganhou o mundo. “O futuro se constrói juntos”, escreveu Macron — e, no fundo, tocava Vaitimbora.
A escolha de Macron evidencia o poder da globalização artística: de um estúdio independente no Nordeste do Brasil até o Palácio do Eliseu, a música de Seu Pereira venceu as barreiras do idioma, do mercado e da geografia. Um feito monumental para a cultura paraibana e um lembrete de que o talento, quando autêntico, fala todas as línguas.
Compositor, cantor e cronista das ruas, Jonathas Falcão é o nome por trás da banda Seu Pereira e Coletivo 401, que acaba de lançar seu terceiro álbum autoral. Além de intérprete, ele também assina composições para outros artistas da cena brasileira, como a cantora Polyana Rezende, que gravou Vaitimbora antes da explosão internacional da música. Agora, essa mesma faixa embala um momento diplomático histórico.
Enquanto a agenda de Lula em Paris tratava de temas como inovação, meio ambiente e comércio justo, a música trazia um elemento que nenhuma ata ou memorando pode conter: emoção. E é essa emoção que vamos mostrar agora para quem ainda não conhece Vaitimbora. Dê o play no vídeo abaixo e sinta — como Macron sentiu — o peso poético de uma voz nordestina atravessando o Atlântico para virar trilha da política internacional.
A repercussão foi imediata. Nas redes sociais, fãs de Seu Pereira celebraram o feito como um marco da arte independente. “É a força da cultura da nossa terra alcançando o mundo”, escreveu um seguidor. Outro resumiu: “Macron ouviu o que o Brasil tem de melhor: o Nordeste”.
Em tempos de polarização e muros, que uma canção possa ser ponte entre nações é, por si só, um ato de esperança. E se essa ponte começa na Paraíba, melhor ainda.