A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal referendou, nesta terça-feira (25), por unanimidade, a decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes que determinou o início imediato do cumprimento da pena do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses no processo da tentativa de golpe. O colegiado também manteve a execução das penas impostas a Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Braga Netto.
A sessão de ratificação foi convocada pelo presidente da Turma, ministro Flávio Dino, a pedido do relator, Alexandre de Moraes, e teve início às 18h. Moraes abriu a votação reafirmando que “a defesa de Jair Bolsonaro deixou transcorrer o prazo para apresentação de novos embargos de declaração in albis, ou seja, sem se manifestar”, concluindo pela impossibilidade de qualquer outro recurso. Dino acompanhou o voto, seguido, já no início da noite, pelas ministras Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, fechando a decisão unânime.
Com o trânsito em julgado consolidado e Bolsonaro já cumprindo pena em sala especial da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, o impacto político foi imediato — e profundo.
A prisão definitiva do ex-presidente abre caminho para uma reorganização urgente da direita em torno das eleições de 2026. No Centrão, ninguém fala mais em vigília de oração ou em insistir na pauta da anistia, vista como um desgaste desnecessário com o próprio Supremo, especialmente entre parlamentares com processos pendentes na Corte. O ambiente, agora, é de pragmatismo puro.
O grupo que sustentou Bolsonaro no auge do orçamento secreto pressiona para que ele indique rapidamente quem será o candidato do campo conservador no ano que vem, antes que seu capital político se deteriore ainda mais. A dúvida é se a escolha recairá novamente sobre um membro da família, como parte do bolsonarismo deseja, ou se o ex-presidente apostará em outro nome.
Quem esteve com Bolsonaro na véspera da prisão garante que a tendência é outra: segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, o ex-presidente afirmou que não pretende lançar Flávio ou Michelle para a cabeça de chapa. Eles podem até integrar a vice, mas sua prioridade seria vê-los disputando o Senado, “para que não sofram a perseguição que ele sofreu”, nas palavras de Sóstenes.
Enquanto essa narrativa é reforçada pelos aliados, o fato político central é que o bolsonarismo, pela primeira vez desde 2018, está sem seu líder em campo — e o projeto de anistia, transformado em palavra de ordem desgastada, perdeu completamente o fôlego. O Centrão quer uma solução imediata. E, com Bolsonaro atrás das grades, a direita terá de descobrir se consegue sobreviver à própria dependência dele.