A possibilidade de a primeira-dama de Campina Grande, Juliana Cunha Lima, ser indicada como candidata a vice na chapa de Efraim Filho ao Governo da Paraíba, em 2026, vai além de uma simples especulação eleitoral. Trata-se de um movimento que revela fissuras internas no grupo Cunha Lima e tem potencial para alterar o cenário político do estado.
O Norte Online ouviu uma pessoa de extrema confiança do prefeito Bruno Cunha Lima. Segundo a fonte, por enquanto o assunto é tratado como especulação, mas uma especulação real, que está sendo discutida nos bastidores. Não há decisão tomada, mas o tema existe e circula no núcleo político do prefeito.
O pano de fundo desse movimento ajuda a entender seu peso. No ato de filiação de Cícero Lucena ao MDB, em novembro passado, um representante da família, Ronaldinho Cunha Lima, discursou em nome do grupo, declarando apoio à pré-candidatura do prefeito de João Pessoa ao Governo do Estado. O gesto foi interpretado como sinal de alinhamento e unidade política.
Dias depois, porém, o próprio Bruno Cunha Lima afirmou, em entrevista, que embora o grupo tivesse feito uma escolha, ele pessoalmente preferia Efraim Filho. À época, aliados tentaram minimizar a declaração, tratando-a como opinião individual. A possível entrada de Juliana na chapa de Efraim muda esse enquadramento e reforça a percepção de que não há consenso entre os Cunha Lima em torno do apoio a Cícero.
Esse movimento ocorre num momento particular do grupo. Nesta semana, o ex-deputado Pedro Cunha Lima, candidato ao Governo em 2022, que chegou ao segundo turno contra João Azevêdo e obteve mais de um milhão de votos, anunciou que não disputará cargos em 2026. Ele decidiu fazer um curso no exterior e sair de cena, mesmo sendo detentor de um patrimônio político relevante.
No campo nacional, Efraim Filho não é filiado ao PL, mas conta com o apoio do partido e teve sua pré-candidatura anunciada na Paraíba pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, em meio a um momento de crise do bolsonarismo. Não por acaso, Efraim manteve silêncio nos últimos dias sobre a escolha de Flávio Bolsonaro como candidato à Presidência.
O cenário, portanto, está posto. A eventual vice de Juliana Cunha Lima não é um detalhe lateral, mas um sinal claro de reposicionamento político, com reflexos diretos na oposição e no projeto de Cícero Lucena para 2026.