O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Vital do Rêgo, alertou que o crescimento do déficit da Previdência Social é uma “bomba que não vai parar de explodir”. O ministro destacou que o número de contribuintes por beneficiário caiu drasticamente nos últimos dez anos, tornando o modelo inviável no longo prazo.
“Quando eu entrei aqui [no TCU], dez anos atrás, nós tínhamos cinco contribuintes [trabalhadores] para cada beneficiário [aposentado ou pensionista, por exemplo]. Hoje nós temos 1.7 [com as mudanças demográficas]. Aí inviabiliza completamente, porque não só é aposentadoria, são benefícios, é todo o processo (…)”, disse em entrevista à TV Globo.
Em 2023, o governo estimou que o rombo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve mais do que dobrar até 2060 e quadruplicar até 2100. “Nós estamos com um paciente que está absolutamente debilitado e, até agora, eu não vejo remédio para tirar desse quadro. As notícias que têm são muito desanimadoras”, acrescentou Vital do Rêgo.
Dados do Tesouro Nacional mostram que, somente com o pagamento de benefícios previdenciários a aposentados e pensionistas do INSS foram gastos cerca de R$ 960 bilhões em 2024. Para este ano, a previsão é de que este valor supere a marca inédita de R$ 1 trilhão. Essa é a maior despesa primária do governo federal.
Para conter o crescimento do déficit, Vital do Rêgo defende a adoção de medidas contra fraudes previdenciárias. Em 2023, o governo iniciou um pente-fino para revisar 800 mil benefícios temporários e eliminar pagamentos indevidos. O ministro também defendeu que alguns gastos sejam reclassificados. São eles: o sistema dos militares e, também, a previdência rural.
Foto: André Dusek/ Estadão / Estadão
Fonte: Redação Terra