- Redação ON
A discussão sobre o aumento e redistribuição do número de deputados federais ganhou força nos últimos dias após declarações do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o posicionamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que indicaram a possibilidade de validar uma nova composição da Casa com base na variação populacional dos estados. No entanto, a abordagem do jornal ‘Valor Econômico’ sobre o tema levanta questionamentos sobre uma possível tentativa de pressionar Motta para que ele não interfira na redução do número de cadeiras da Paraíba na Câmara dos Deputados.
O jornal destacou o fato de Hugo Motta ser paraibano para sugerir que ele poderia influenciar a decisão em benefício do seu estado. Essa linha argumentativa, além de especulativa, revela um viés discriminatório contra um estado menor do Nordeste, ao pressupor que qualquer movimentação de Motta nesse debate teria motivação política e não técnica.
A redistribuição das cadeiras na Câmara é uma questão legítima e recorrente, baseada em critérios populacionais, conforme determinado pelo STF. Estados que registraram crescimento demográfico, como Pará e Amazonas, devem ganhar mais representantes, enquanto outros, que perderam população ou cresceram menos, podem ter sua representação reduzida. O que está em jogo, no entanto, é a necessidade de garantir que essa revisão seja feita de forma justa, sem que estados menores sejam prejudicados no processo.
A insinuação de que Hugo Motta poderia interferir para beneficiar a Paraíba desconsidera o papel institucional do presidente da Câmara, que deve assegurar um debate equilibrado e técnico sobre o tema. Além disso, ignora o fato de que a decisão final sobre o número de deputados cabe ao Congresso Nacional, e não exclusivamente ao presidente da Casa.
A questão, portanto, não é se Hugo Mota pode ou não atuar para evitar a perda de cadeiras da Paraíba, mas sim se a discussão sobre a composição da Câmara será conduzida de maneira técnica, justa e sem discriminação contra estados nordestinos.