A pressão sobre o Brasil ganha contornos mais dramáticos às vésperas do mês de agosto. Enquanto os Estados Unidos reafirmam que não haverá adiamento nas sanções comerciais prometidas para o dia 1º, a oposição bolsonarista no Congresso endurece o discurso e cobra do Legislativo duas pautas explosivas: a votação da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Na noite deste domingo (27), o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), foi categórico em entrevista à televisão:
“Nosso plano é só um: é a anistia. Não existe plano B. (…) O que nós não podemos é continuar aqui meses atrás de meses e o presidente [da Câmara] não respeitar o maior partido da Casa, a oposição, que quer que paute a matéria.”
Segundo ele, a oposição vai intensificar a pressão para que a proposta de anistia seja colocada em votação imediata. O presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não sinalizou se irá atender ao pedido.
A ofensiva, porém, não parou por aí. Também no domingo, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que é réu em um dos inquéritos que apuram tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito, publicou um vídeo nas redes sociais com ataques frontais ao Judiciário.
“As pautas que devem ser hoje prioritárias no Brasil só dependem do Congresso Nacional. E têm que ser a anistia e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes”, declarou.
“Quem hoje não concorda que existe uma hipertrofia inconstitucional do Poder Judiciário? (…) Rotineiramente rasgam a Constituição, atropelam a lei, violam garantias e direitos.”
Ramagem defendeu que tanto a anistia quanto o impeachment são “remédios constitucionais” contra o que classificou como um “regime autoritário na prática”.
O acirramento do discurso revela uma nova fase da estratégia da oposição, que busca mobilizar sua base, pressionar o Congresso e constranger o Supremo Tribunal Federal. Enquanto isso, o governo Lula tenta conter o avanço da crise política interna em meio à tensão internacional provocada pela decisão americana de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, sob o pretexto de uma nova “emergência comercial”.
A primeira semana de agosto se anuncia como um teste de resistência institucional para o Brasil — entre pressões externas, confrontos internos e a ameaça de ruptura política.