O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu nesta terça-feira (14/10) a condenação dos sete réus do chamado núcleo 4 da trama golpista — o grupo acusado de disseminar desinformação para desacreditar o sistema eleitoral e sustentar a permanência de Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Durante a primeira parte do julgamento, Gonet afirmou que as provas confirmam a existência de uma estrutura organizada voltada à propagação de mentiras sobre as urnas eletrônicas e ataques virtuais contra instituições. Segundo ele, “a estratégia central consistiu em corroer a confiança popular nas instituições, criando um sentimento de suspeita sobre o sistema vigente para que a sociedade tolerasse intervenções”.

O procurador destacou que a atuação desse núcleo foi decisiva para a crise que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023. “Foi por meio da contribuição deste grupo que a organização criminosa usou narrativas falsas do processo eleitoral contra os poderes e as autoridades”, disse.

A sessão, que durou cerca de três horas, também teve a leitura do relatório do relator, ministro Alexandre de Moraes, e as primeiras sustentações orais das defesas. Os advogados pediram a absolvição dos réus e contestaram a competência do STF para julgar o caso.

O julgamento será retomado nesta quarta-feira (15/10), às 14h, com a fala dos demais defensores e, em seguida, o início da votação. A Primeira Turma do STF é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino, que preside o colegiado.

Os sete réus — entre eles militares da reserva e um agente da Polícia Federal — respondem por cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. As sessões estão programadas para os dias 14, 15, 21 e 22 de outubro. O Supremo pretende concluir todos os julgamentos dos núcleos da trama até o fim de 2025.