quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
PF prende filho do “Careca do INSS”, mira senador e avança até a Paraíba
18/12/2025 08:11
Redação ON Reprodução

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (18/12), uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação avançou para a Paraíba e outros estados e resultou na prisão de Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.

Além da prisão, a operação mira o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e um assessor parlamentar, alvos de mandados de busca e apreensão, conforme revelou a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles. A fraude foi inicialmente denunciada pelo próprio portal.

Outro alvo da operação é Aldroaldo Portal, secretário-executivo do Ministério da Previdência, que foi afastado do cargo e teve a prisão domiciliar determinada. As medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa atuava de forma estruturada, com divisão de tarefas. Havia núcleos responsáveis pela captação de dados de beneficiários, pela inserção de informações falsas em sistemas oficiais e pela ocultação do dinheiro desviado.

Também está na mira da PF o advogado Eric Douglas Martins Fidelis, filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS em 2023 e 2024, que já havia sido preso em fase anterior da operação. A PF cumpriu mandado de busca contra Eric.

No total, estão sendo executados 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e diversas medidas cautelares nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal. A ação é realizada de forma conjunta pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Pai de Romeu, Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, está preso desde setembro e é apontado como um dos principais operadores do esquema que desviava mensalmente valores de benefícios de aposentados e pensionistas sem autorização.

As investigações indicam que os descontos eram feitos diretamente na folha de pagamento, como se os beneficiários fossem filiados a associações de classe. Na prática, muitos nunca autorizaram a adesão. Os valores eram abatidos automaticamente, mês a mês, reduzindo a renda de idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Segundo a CGU, as entidades envolvidas alegavam oferecer serviços como assistência jurídica, convênios médicos e descontos em academias, mas não possuíam estrutura mínima para prestar qualquer atendimento real. Ao menos 11 associações foram alvo de medidas judiciais, com suspensão de contratos e interrupção dos descontos.

Farra do INSS

O escândalo, que ficou conhecido como “Farra do INSS”, veio a público em dezembro de 2023 após uma série de reportagens do Metrópoles. As matérias revelaram um crescimento abrupto na arrecadação de associações que aplicavam descontos indevidos em aposentadorias, chegando a cerca de R$ 2 bilhões em um único ano.

As denúncias levaram à abertura de inquérito da Polícia Federal e reforçaram investigações da Controladoria-Geral da União. Ao todo, 38 reportagens do Metrópoles foram citadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto.

Crise no governo e devolução dos valores

O caso provocou forte impacto político. O então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão após as investigações alcançarem o núcleo da pasta. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que assumiu o ministério em meio à crise.

Em julho, o governo federal anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas. O ressarcimento ocorre em parcela única, e o prazo para contestação foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026.

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