A maioria dos brasileiros não apoia a ideia de conceder anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Levantamento da Genial/Quaest, divulgado nesta terça-feira (16), aponta que apenas 36% são favoráveis a uma anistia ampla que inclua Bolsonaro.
Por outro lado, 41% dos entrevistados se declararam totalmente contrários a qualquer tipo de anistia, enquanto 10% defendem que a medida seja restrita apenas aos participantes do quebra-quebra em Brasília.
Recortes do levantamento
O estudo mostra variações importantes entre segmentos sociais. Entre os evangélicos, o apoio a uma anistia irrestrita alcança 40%. Já no Nordeste, 44% rejeitam totalmente qualquer tipo de perdão, índice mais alto do país. No Sul, a rejeição é menor, de 35%.
Condenações pesadas e pressão política
O debate ganhou força após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenar integrantes do núcleo central da trama golpista. Bolsonaro recebeu a maior pena: 27 anos e três meses de prisão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, após o fim dos recursos.
Com o avanço das condenações, parlamentares bolsonaristas intensificaram a pressão sobre as mesas do Senado e da Câmara para votar a anistia em regime de urgência. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), chegou a ventilar uma versão “light”, restrita aos radicais do 8 de janeiro, mas o texto ainda não foi formalizado. Na Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) convocou reunião de líderes para discutir o tema nesta quarta-feira (17), embora tenha oscilado em suas posições nos últimos dias.
Risco de inconstitucionalidade
Juristas e ministros do STF alertam que uma eventual anistia seria considerada inconstitucional, já que os atos golpistas tiveram como objetivo abolir cláusulas pétreas da Constituição, como a democracia, o estado de direito e os direitos fundamentais. Mesmo assim, a pressão da base bolsonarista segue intensa nos bastidores do Congresso.