Os dados oficiais foram divulgados pouco depois das 21h deste domingo (7). A eleição na província de Buenos Aires, a mais populosa e politicamente influente da Argentina, foi marcada pela ampla vitória da oposição peronista, vista como um termômetro para as eleições nacionais de meio de mandato, em outubro.

Os “bonaerenses” foram às urnas para escolher 46 deputados e 23 senadores provinciais. O resultado deixou o partido governista La Libertad Avanza, de Javier Milei, em um distante segundo lugar.

Ao reconhecer a derrota, Milei reafirmou suas políticas liberais. “O rumo não vai mudar, será redobrado”, disse o presidente, em discurso na sede de sua coalizão. Ele admitiu o revés: “No plano político tivemos uma derrota. Se quisermos seguir em frente, é preciso aceitar os resultados. Sofremos um revés e é preciso assumi-lo. Isso nos levará a uma autocrítica profunda, na qual corrigiremos os erros que cometemos. Não há opção de repetir os mesmos erros. Nós os corrigiremos”.

A ex-presidente Cristina Kirchner, em prisão domiciliar, comemorou os resultados da sacada de seu apartamento na Recoleta e publicou mensagem nas redes sociais ironizando Milei. “Viu, Milei? Banalizar o ‘Nunca Mais’ não é grátis. Rir da morte e da dor de seus oponentes, tampouco. Mas apontar com o dedo e estigmatizar pessoas com deficiência, enquanto sua irmã cobra 3% de propina de seus medicamentos, é letal”, escreveu.

Teste para Milei

O revés eleitoral ocorre em meio à pressão crescente sobre o presidente, diante de suspeitas de que sua irmã, Karina, estaria envolvida em esquema de corrupção. Paralelamente, o país enfrenta instabilidade nos mercados, enquanto Milei tenta sustentar sua agenda de livre mercado e ampliar a confiança de investidores em uma economia historicamente marcada por calotes de dívida.

Com menos de 15% das cadeiras no Congresso, o La Libertad Avanza depende da expansão de sua bancada para avançar nas reformas. Até aqui, Milei tem se apoiado em vetos presidenciais para manter o superávit fiscal, mas sofreu um duro golpe na quinta-feira (4), quando o Senado derrubou pela primeira vez um veto seu e manteve a ampliação de benefícios para pessoas com deficiência.

Um bloco mais robusto no Legislativo seria fundamental para o governo frear iniciativas da oposição que buscam barrar sua agenda de austeridade.