Na Paraíba, em 2024, estima-se que 4,7% da população (194 mil pessoas) estava em situação de extrema pobreza, enquanto 38,3% (1,58 milhão de pessoas) viviam em situação de pobreza, dados revelados pela Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira, divulgada nesta quarta-feira (03), pelo IBGE. É o terceiro ano consecutivo em que ocorre redução desses indicadores, que representam os menores valores da série histórica, que iniciou em 2012 e teve seu pico em 2021, com 16,7% e 56,1% da população vivendo nessas condições, respectivamente.
A pobreza monetária é definida a partir da insuficiência de rendimentos para garantir a subsistência mínima, sendo consideradas pobres as pessoas cujo rendimento domiciliar per capita se situa abaixo da linha internacional de US$ 6,85 por dia em Paridade de Poder de Compra (PPC), que representa o patamar necessário para acesso básico a bens e serviços. Já a extrema pobreza corresponde ao grau mais severo dessa privação, identificando indivíduos com renda inferior a US$ 2,15 por dia em PPC, linha estabelecida com base nas economias mais pobres do mundo e utilizada no monitoramento global do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 1 (ODS 1), indicando uma situação em que os recursos disponíveis não permitem assegurar sequer a alimentação mínima e necessidades essenciais de sobrevivência.

Apesar dos valores serem os menores da série histórica, a Paraíba apresenta uma incidência de vulnerabilidade superior à média nacional, mas menos intensa que a do Nordeste. Enquanto 38,3% da população paraibana vivia abaixo de US$ 6,85 PPC/dia, proporção levemente inferior à realidade nordestina (39,4%) e bem acima do Brasil (23,1%). O mesmo padrão é apresentado na faixa de extrema pobreza, com 4,7% da população da Paraíba encontra-se abaixo de US$ 2,15 PPC/dia, valor inferior ao Nordeste (6,5%), mas ainda superior ao índice nacional (3,5%).
A distribuição relativa ao limiar de renda doméstica também reforça essa hierarquia: 36,3% das pessoas na Paraíba estão abaixo de 50% da renda mediana nacional, proporção apenas levemente inferior à do Nordeste (37%), mas marcadamente superior à do país (21,4%).
Em relação à renda por faixas de salários-mínimos, em 2024, 27,1% da população paraibana teve rendimento domiciliar per capita entre ¼ e ½ salário-mínimo, o segundo maior contingente do estado. A faixa imediatamente superior, entre ½ e 1 salário-mínimo, reúne 32,7% dos habitantes. Os segmentos com rendimentos mais elevados apresentam participação reduzida: 18,2% da população recebe entre 1 e 2 salários-mínimos, enquanto os estratos de renda média e alta são menores, 4,2% para o grupo com mais de 2 a 3 salários, 3% para os com mais de 3 a 5 salários, e somente 1,9% no grupo com rendimento domiciliar per capita acima de 5 salários-mínimos.
10% mais pobres têm ganho de participação no total do rendimento domiciliar per capita
Entre 2012 e 2024, os estratos inferiores ampliaram sua participação no total da renda: o grupo situado no primeiro decil (10% mais pobres), passou de 1,1 % para 1,5% do total do rendimento domiciliar per capita, proporções superiores às do Nordeste (de 0,9%, para 1,3%) e ligeiramente acima da do Brasil (de 1,0%, para 1,2%), indicando que a base de renda paraibana se tornou relativamente maior.
Essa tendência ocorre também nos decis intermediários: faixas entre 20% e 50% da população aumentaram sua participação na Paraíba de 3,4% para 3,7% (20–30%) e de 5,5% para 5,6% (40–50%), comportamento semelhante ao Nordeste, cujas mesmas classes permaneceram estáveis ou com leve acréscimo, e alinhado ao Brasil, que também registra pequenas mudanças nessas faixas.

Nos estratos superiores, na Paraíba, a participação do grupo que concentra os 10% mais ricos foi de 40,8% em 2012 para 39,9% em 2024, neste último ano os níveis ficaram próximos ao patamar regional (40,1%) e nacional (39,6%). As faixas imediatamente abaixo do último decil, entre 80% e 90% da população, também mostram pequena redução na Paraíba (de 15,3% em 2012 para 15,2% em 2024), similar ao Nordeste, que permanece praticamente estável, e com o Brasil, que mantém crescimento pequeno.
Homem branco ganha em média 66% a mais que uma mulher preta ou parda na PB
Entre 2012 e 2024, a Paraíba registrou elevação de 29% no rendimento real domiciliar per capita médio, sem considerar os benefícios sociais, tendo passado de R$ 971 para R$ 1.253, sendo a variação no rendimento masculino de 32,5% (R$ 963 para R$ 1.276), enquanto para mulheres foi de 25,7% (R$ 979 para R$ 1.231), fazendo com que a vantagem feminina de 2012 tenha se invertido em 2024.
No recorte de cor ou raça, o maior rendimento médio é o das pessoas autodeclaradas brancas, que aumentou 31,3% passou de R$ 1.259 para R$ 1.653, enquanto o das pardas aumentou 27% (de R$ 818 para R$ 1.039) e o das pretas 19,8% (de R$ 906, para R$ 1.085). Ao observar a combinação de sexo e cor ou raça, o contraste fica mais nítido: o rendimento médio do homem branco subiu de R$ 1.277 para R$ 1.661, enquanto o da mulher preta ou parda passou de R$ 835 para R$ 1.000. Assim, a diferença absoluta entre esses dois grupos aumentou de R$ 442 para R$ 661, e o homem branco passou a ter rendimento em média 66,1% superior ao rendimento de uma mulher preta ou parda em 2024.
Na Paraíba, os 20% mais ricos recebem, em média, 12,7 vezes mais que os 20% mais pobres
A razão 20/20 expressa a disparidade entre os rendimentos médios dos 20% de domicílios com maiores rendimentos e os 20% com menores rendimentos, indicando quão intensa é a desigualdade na base e no topo da distribuição. Na Paraíba, esse indicador alcança 12,7, apontando que os 20% mais ricos recebem, em média, 12,7 vezes mais que os 20% mais pobres. Esse valor coloca o estado abaixo da média do Nordeste (13,8) e da média brasileira (14,6%).