A Paraíba se transformou no principal foco de tensão que ameaça implodir a federação em negociação entre o Progressistas (PP) e o União Brasil. Embora existam entraves em praticamente todos os estados, é no território paraibano que a disputa alcança níveis mais agudos, expondo um racha público e ruidoso entre o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) e o senador Efraim Filho (União Brasil). O clima beligerante, marcado por trocas de farpas e provocações – como a frase debochada sobre “foguete com marcha à ré” –, ilustra a dificuldade de conciliar interesses regionais profundamente enraizados, mesmo diante dos atrativos políticos e financeiros de uma aliança nacional.
A formação de uma federação entre os dois partidos, como a matéria publicada pelo Jornal de Brasília, permitiria um tempo generoso de televisão, fortaleceria bancadas no Congresso e garante glosa de recursos do fundo partidário e do fundo eleitoral, essenciais para as eleições municipais e nacionais. Na prática, seria como fundir duas máquinas partidárias potentes num só organismo com mais musculatura e competitividade. Mas, para isso, seria necessário fazer o que muitos líderes políticos não estão dispostos: ceder protagonismo local.
Na Paraíba, o impasse é explícito. O senador Efraim Filho e o vice-governador Lucas Ribeiro não apenas caminham em direções opostas, como colocam suas lideranças em risco ao cogitarem coexistir no mesmo projeto. O grupo de Efraim, que já ensaiou a candidatura a governador, considera insustentável uma convivência com aliados de João Azevêdo (PSB), como é o caso de Lucas Ribeiro. Os bastidores indicam que o racha é antigo e alimentado por vaidades, disputas por espaço e divergências estratégicas para 2026.
Caso seja concretizada, a aliança formará a maior bancada do Congresso, com 108 deputados e 13 senadores, e terá um fundo eleitoral que deve superar R$ 1 bilhão nas próximas eleições.
O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reconhece a dificuldade de avançar com a federação, embora ainda defenda o projeto. Segundo ele, é natural que haja ruídos e disputas em processos como esse, mas “as direções nacionais têm que encontrar caminhos para unir os partidos”. A frase diplomática contrasta com a realidade de bastidores, onde o projeto já sofre resistência de caciques estaduais, que enxergam na federação uma ameaça direta ao controle regional que exercem hoje.
A avaliação é que, se consolidada, a federação entre PP e União Brasil criaria um bloco de mais de 100 deputados, o que daria enorme poder de barganha no Congresso. Seria um contrapeso à esquerda e ao centrão tradicional, com potencial de protagonismo em 2026. Mas, se não conseguir resolver o conflito nos estados – e principalmente na Paraíba –, a federação corre o risco de nascer morta. E tudo isso por causa de foguetes, vaidades e uma boa dose de desconfiança.