sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Novo papa deve ser eleito em até três dias, preveem cardeais brasileiros
07/05/2025 05:56
Redação ON Reprodução

O conclave que se inicia nesta quarta-feira (7) no Vaticano está previsto para ser breve, segundo cardeais brasileiros presentes em Roma. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, estima que a escolha do novo papa dure “dois, três dias” . Dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, prevê “no máximo quatro dias”, destacando que as reuniões preparatórias já permitiram ampla troca de ideias entre os cardeais.

Embora não possa votar por ter ultrapassado os 80 anos, dom Raymundo participou das congregações gerais e descreveu um ambiente cordial e fraterno, sem tensões ou polêmicas. Ele ressaltou a diversidade dos cardeais presentes, com destaque para intervenções marcantes de Pietro Parolin, Matteo Zuppi e Pierbattista Pizzaballa.

O conclave de 2025 é o mais numeroso e geograficamente diverso da história, com 133 cardeais eleitores de 71 países, incluindo sete brasileiros .

OS FAVORITOS

Anders Arborelius, 75 anos:

Bispo de Estocolmo, na Suécia, foi considerado um modelo pelo papa Francisco pela capacidade de diálogo. Ao ser perguntado se estava pronto para ser papa um dia, ele respondeu: “Não, não posso dizer isso. Porque é muito irrealista. Mas é verdade – é uma possibilidade.” Anders é a favor de mais abertura para divorciados e contra o diaconato feminino. Ele é conhecido por seu forte desejo de evitar conflitos a todo custo, segundo clérigos. Nomeado por Francisco em 2017.

Charles Bo, 76 anos:

Arcebispo de Rangoon, antiga capital de Mianmar, é conhecido por ser forte em temas de injustiça social e diálogo entre religiões. Ele não é a favor da ordenação de mulheres sacerdotes, do celibato sacerdotal ser uma opção e da bênção de casais do mesmo sexo. Charles já esteve à frente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia. Nomeado por Francisco em 2015.

Fridolin Ambongo Besungu, 65 anos:

Arcebispo de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, é um dos candidatos negros e do continente africano a substituir Francisco. Conhecido por suas posições ambientalistas e fortemente anticoloniais. Ele também se posiciona contra a bênção a casais do mesmo sexo. Fridolin expressou preocupações sobre a evangelização superficial e escolheu se concentrar principalmente na dignidade humana, nas questões sociais e na cultura.

Jean-Marc Aveline, de 66 anos:

Arcebispo de Marselha, na França, é apontado como um preferido do próprio Francisco. O favoritismo se deve a sua defesa dos imigrantes. Natural da Argélia, ele é visto por alguns franceses como o responsável por pôr fim a uma “dinastia” de quatro décadas do falecido Cardeal Jean-Marie Lustiger, de Paris, e por anunciar a “nova era”. Nomeado por Francisco em 2022.

Luis Antonio Tagle, 67 anos:

Arcebispo emérito de Manila, nas Filipinas, tem cargo na Cúria Romana, a cúpula do Vaticano, desde 2019. Ele é pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização e é considerado por especialistas como “Francisco asiático”, por compartilhar a visão do papa em diversos temas, como ecologia. Luis Antonio se opõe ao uso de linguagem “severa” na descrição de certos pecados e acredita que a Igreja precisa “aprender sobre” seus ensinamentos de misericórdia, devido às “mudanças nas sensibilidades culturais e sociais”. Nomeado por Bento XVI em 2012.

Malcolm Ranjith, 77 anos:

Arcebispo de Colombo, capital do Sri Lanka, é da ala tradicional e conservadora do clero, mas se alinha à defesa do meio ambiente como Francisco. Ele é um defensor das reformas do Concílio Vaticano II e vê a Igreja pós-conciliar como um desenvolvimento imperfeito, porém necessário, em um processo de diálogo com o mundo. Malcolm permitiria a pena de morte em certos casos e tende ao capitalismo ético. Nomeado por Bento XVI em 2012.

Matteo Maria Zuppi, 69 anos:

Cardeal de Roma e presidente da Conferência Episcopal Italiana, equivalente à CNBB brasileira. Colaborador de Francisco em temas internacionais, foi escolhido como mediador na Guerra da Ucrânia, enviado a Kiev e Moscou. Ele tem grande preocupação com os pobres e marginalizados. Sua abordagem é “rejeitar o ódio”, gerar “solidariedade autêntica”, abraçar o pluralismo religioso e a “fraternidade”. Nomeado por Francisco em 2019.

Péter Erdő, 72 anos:

Arcebispo de Budapeste, na Hungria, é mais um dos candidatos conservadores da Igreja e é um nome que contrapõe as ideias de Francisco. Ele é a favor do acompanhamento pastoral para divorciados “recasados”, mas somente se não houver “nenhuma dúvida” sobre o ensinamento da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio. É contra a aceitação de uniões homossexuais. Além disso, Péter se caracteriza como pró-vida. Nomeado por João Paulo 2º em 2003.

Pierbattista Pizzaballa, 59 anos:

O cardeal chefia o Patriarcado Latino de Jerusalém e é o mais jovem da lista de favoritos. Ele vive na Itália há mais de 30 anos e conhece profundamente os temas do Oriente Médio, o diálogo inter-religioso e o meio ambiente. Pierbattista propôs ser refém do Hamas para libertar crianças e ele deseja que a Igreja seja aberta a todos, mas acredita que “isso não significa que ela pertença a todos”. Nomeado por Francisco em 2023.

Pietro Parolin, 70 anos:

Secretário de Estado da Santa Sé e responsável pela diplomacia da Igreja, é frequentemente citado como papável pela imprensa especializada, desde 2013. Segundo o site que desenvolveu a lista, ele é o favorito na disputa. Parolin mantém laços de amizade com a Maçonaria italiana desde 2002 e deseja estar próximo dos pobres, além de ter uma perspectiva eclesial e política semelhante à de Francisco. Nomeado por Francisco em 2014.

Robert Sarah, 79 anos:

Cardeal da Guiné é mais uma aposta conservadora da Igreja. Ele está na oposição a Francisco em temas como processo sinodal e abertura a casais homossexuais. Ele defendeu a “reforma da reforma” no que se refere à liturgia, para revisitar e refinar as mudanças litúrgicas implementadas após o Concílio Vaticano II, abordando deficiências e abusos. Robert também é conhecido por ser muito ativo nas redes sociais. É prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Nomeado por Bento XVI em 2010.

Willem Eijk, 71 anos:

Arcebispo de Utrecht, na Holanda, também é conservador e considerado um ortodoxo sólido. Ele tem fortes posições pró-vida, em temas como eutanásia. É contra a bênção a homossexuais, por irem contra a ordem de criação de Deus. Durante a pandemia de covid, o cardeal foi um fervoroso defensor da vacinação contra o vírus e demonstra compaixão aos refugiados, especialmente pelos cristãos que fogem da perseguição, enfatizando a necessidade de cuidados com estas pessoas. Nomeado por Bento XVI em 2012.

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