sábado, 13 de dezembro de 2025
Mensagens inéditas mostram ordens para apagar provas e articulações golpistas no entorno de Bolsonaro
13/05/2025 07:20
Redação ON Reprodução

Mensagens inéditas extraídas do celular de Mauro Cid revelam detalhes até então desconhecidos sobre as articulações golpistas no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro. O material analisado pela reportagem do UOL soma 77 gigabytes e inclui 158 mil mensagens de WhatsApp — textos e áudios — trocadas entre outubro de 2022 e maio de 2023, período entre a eleição de Lula e a prisão de Cid.

Apenas uma pequena parte desse conteúdo havia sido usada nas investigações da Polícia Federal sobre as joias, as vacinas e o plano de golpe. O restante permanecia sob sigilo até agora.

Entre as revelações, estão registros frequentes de orientações para que mensagens fossem apagadas. Em 29 de novembro de 2022, o coronel Jean Lawand Corrêa Netto, acusado de pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe, sugeriu a exclusão de conversas pouco depois de enviar a Mauro Cid um rascunho de carta golpista. O próprio Cid deletou 127 mensagens e recebeu outras 217 que foram apagadas por interlocutores — entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro (19 mensagens) e o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten (31).

Ao menos 13 mensagens indicam que o grupo migrou para o aplicativo Signal, conhecido por criptografia mais avançada. A PF não conseguiu acessar o conteúdo dessas conversas. Nomes como o general Braga Netto, o suplente de senador Aparecido Portela e Corrêa Netto aparecem pedindo a troca de plataforma.

O material também expõe o desânimo de Cid após perder o cargo prometido de comandante do 1º Batalhão de Ações e Comandos, em Goiânia. Em mensagens de janeiro de 2023, ele demonstra frustração ao ver a nomeação suspensa pelo novo comandante do Exército, Tomás Paiva, e relata ter sido convencido a “esperar mais um ano”.

Mesmo sob investigação, Cid manteve fidelidade a Bolsonaro até sua prisão, em 3 de maio de 2023. Só então, sentindo-se abandonado e com a família sob risco de ser envolvida, decidiu fechar um acordo de delação premiada com a PF — homologado pelo ministro Alexandre de Moraes em setembro.

A defesa de Mauro Cid disse que não comentará os diálogos por não ter acesso completo ao conteúdo do celular.

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