quarta-feira, 26 de março de 2025
Máfia italiana movimentou R$ 12 bi em negócios que envolvem a Paraíba
23/03/2025 1:54 pm
Redação ON Reprodução/O Globo

No domingo passado (15), o jornal O Globo fez reportagem de página inteira sobre o turismo da Paraíba, numa abordagem em que classificou João Pessoa como “a nova Joia da coroa do Nordeste”. Pois neste domingo (23) – por razões diferentes, naturalmente – a Paraíba voltou a ser destaque no maior jornal do País, num assunto que envolve a máfia italiana,

O Globo trouxe à tona uma investigação que desvendou a atuação de máfias italianas no Brasil, com destaque para operações na Paraíba. A reportagem revelou como essas organizações criminosas estabeleceram bases no estado, utilizando empresas de fachada e contando com a colaboração de intermediários locais para expandir suas atividades ilícitas.

A investigação apontou que a máfia italiana, especialmente a ’Ndrangheta, estabeleceu operações em João Pessoa, capital da Paraíba. Em 2021, uma operação conjunta da Polícia Federal e da Interpol resultou na prisão de dois mafiosos de alto escalão: Rocco Morabito, conhecido como o “Rei da Cocaína de Milão”, e Vincenzo Pasquino. Ambos estavam hospedados em um flat na praia de João Pessoa quando foram detidos.

As investigações revelaram que Morabito e Pasquino buscavam parcerias com facções criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), para facilitar o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. A Paraíba, devido à sua localização estratégica e infraestrutura portuária, tornou-se um ponto-chave para essas operações ilícitas.

Intermediários locais

Um dos principais colaboradores locais identificados foi Anselmo Limeira de Oliveira, ex-assessor parlamentar da Câmara Municipal de João Pessoa. De acordo com a Polícia Federal, Oliveira atuava como uma espécie de “concierge do crime”, auxiliando os mafiosos italianos em diversas atividades, desde a obtenção de documentos falsos até a intermediação na compra de imóveis e na negociação de armas e drogas. 

Além disso, Oliveira era sócio de uma construtora que, entre 2017 e 2019, fechou contratos com o governo paraibano e a prefeitura de Queimadas (PB). No entanto, as investigações apontaram que a empresa não possuía funcionários ou sede física, sendo utilizada para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

A reportagem completa de O Globo

Operação Arancia

Outro desdobramento foi a Operação Arancia, deflagrada em agosto de 2024, que desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a máfia siciliana Cosa Nostra. A operação resultou na prisão de Giuseppe Bruno e no cumprimento de mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Piauí. As autoridades italianas estimam que o valor total dos ativos investidos pelo grupo possa superar R$ 12 bilhões. 

As revelações destacam a crescente influência das máfias italianas no Brasil, especialmente na Paraíba, e a importância de operações conjuntas entre as autoridades brasileiras e europeias para combater o crime organizado transnacional. A cooperação internacional tem sido fundamental para desarticular essas redes criminosas e impedir a expansão de suas atividades no país.

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