O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou nesta terça-feira (2) para Donald Trump para tratar de um tema que, há anos, provoca atritos entre Brasil e Estados Unidos: as tarifas adicionais aplicadas por Washington a produtos brasileiros. Segundo o Palácio do Planalto, a ligação durou cerca de 40 minutos e teve como foco os avanços recentes — e os entraves ainda existentes — na pauta comercial entre os dois países.
Na conversa, Lula classificou como “muito positiva” a decisão do governo norte-americano de retirar a tarifa extra de 40% que incidia sobre itens como carne, café e frutas brasileiras. A medida foi anunciada na semana passada e representou um alívio para setores exportadores que vinham acumulando perdas. O presidente, porém, lembrou a Trump que vários outros produtos seguem sob sobretaxa e frisou que o Brasil quer “avançar rápido” nas negociações para eliminar as restrições restantes.
O telefonema marca mais um capítulo de um histórico complexo. As sobretaxas impostas pelos Estados Unidos começaram a ganhar força em períodos de tensão comercial, especialmente a partir de decisões unilaterais que alegavam práticas desleais por parte de países emergentes. Ao longo dos anos, houve recuos pontuais, especialmente após pressões diplomáticas e decisões de organismos multilaterais.
Em momentos diferentes, Washington também aplicou tarifas sobre produtos químicos e siderúrgicos brasileiros, gerando forte reação da indústria nacional. Mais recentemente, alguns desses encargos foram reduzidos ou suspensos, mas ainda há setores — como o de manufaturados e itens industrializados — que continuam enfrentando barreiras significativas.
Ao retomar o tema diretamente com Trump, Lula tenta reposicionar o Brasil em uma agenda comercial mais fluida e previsível. O governo brasileiro considera a retirada das tarifas um passo essencial para destravar investimentos, ampliar exportações e fortalecer o diálogo bilateral em um momento em que os dois países buscam reaproximar-se.
A expectativa no Planalto é que novas rodadas de negociação ocorram nas próximas semanas, com a meta de eliminar o que resta das sobretaxas e consolidar um ambiente de maior estabilidade no comércio entre Brasil e Estados Unidos.