sábado, 13 de dezembro de 2025
Lula entrega trecho da transposição e emociona multidão no Sertão paraibano
28/05/2025 18:06
Redação ON Reprodução

A entrega do primeiro trecho do Ramal do Apodi, nesta quarta-feira (28), em Cachoeira dos Índios (PB) – com transmissão ao vivo pelo portal O Norteonline.com –  foi marcada por emoção, aplausos e memórias de um Brasil sedento — literalmente — por dignidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do evento, que aconteceu na Barragem Redondo, e celebrou um marco da Transposição do Rio São Francisco.

A obra, iniciada em 2021, está com 74,83% concluída e tem entrega final prevista para outubro de 2026. O investimento chega a R$ 1,45 bilhão e beneficiará mais de 750 mil pessoas em 54 municípios da Paraíba e do Rio Grande do Norte. A iniciativa integra o programa Caminho das Águas, do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), que percorre os estados do Nordeste levando obras estruturantes de abastecimento.

Mas os números ficaram pequenos diante do simbolismo do momento. O governador da Paraíba, João Azevêdo, emocionou-se ao relembrar a história da transposição e o impacto real que ela traz para a vida das pessoas. “O senhor trouxe vida, dignidade e respeito para um povo que o senhor conhece melhor do que ninguém”, disse ele, dirigindo-se a Lula. Em seguida, contou uma cena que resumiu o espírito do evento:

“Durante a inauguração (referindo-se a outro trecho da transposição, inaugurado anteriormente no Estado), uma criança puxava a minha camisa. Eu pedi para esperar. Quando me virei, ela disse: ‘Governador, hoje eu vou tomar banho de chuveiro’. Na fala mais simples daquela criança, estava o maior valor da água. Respeito, vida e esperança.”

Lula, ovacionado pela multidão que gritava “sem anistia”, falou com o coração. Disse que, desde os tempos do Império, a transposição era sonhada — mas nunca concretizada.

“Fiquei sabendo que Dom Pedro II, em 1846, há 179 anos, pensou em fazer a transposição. Mas não fez. Será que Deus não quis? Não. Deus não pode ser ruim. Faltou coragem. Porque para cuidar dos pobres, você precisa governar com o coração”, afirmou o presidente.

Ele falou ainda das dores do passado:

“É preciso saber o que é uma mãe tentar enganar a fome de uma criança. Aqui no Nordeste, já houve campo de concentração para impedir que pobres fugissem da seca. É isso que estamos mudando: a história de um povo.”

O evento não foi apenas uma entrega de obra. Foi um reencontro com o Brasil profundo, com a memória coletiva da seca, da resistência e da superação. E com o sonho, agora real, de abrir uma torneira e ter água.

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