A avaliação vinda do The New York Times é contundente: na disputa silenciosa entre governos sobre o destino de Jair Bolsonaro, quem saiu por cima foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O jornal americano descreve um Lula que não apenas resistiu às investidas de Donald Trump, mas que venceu uma queda de braço com os Estados Unidos — algo raro na diplomacia recente do continente.
Segundo o NYT, Trump tentou mover todas as peças para impedir que seu aliado brasileiro fosse condenado. Impôs tarifas duras ao Brasil, sancionou um ministro do Supremo e pressionou abertamente o governo Lula para retirar acusações. Mesmo assim, nada funcionou. As instituições brasileiras seguiram seu curso, ignoraram tentativas externas de interferência e mantiveram o processo contra Bolsonaro.
E o desfecho é claro: Bolsonaro está preso, condenado e politicamente devastado — enquanto Lula saiu fortalecido, tanto interna quanto internacionalmente.
A guinada veio em poucas semanas. Com a derrota consumada, Trump abandonou o esforço e mudou de postura. Reaproximou-se de Lula, retirou tarifas importantes e passou a elogiar a “boa química” com o presidente brasileiro. O mesmo líder americano que cobrava a libertação de Bolsonaro agora mal comenta o caso. Limitou-se a dizer que “é uma pena” — frase que, no contexto descrito pelo NYT, simboliza uma capitulação.
Na leitura dos analistas citados pelo jornal, Lula venceu porque recusou a pressão e porque tinha a confiança de que as instituições brasileiras resistiriam. Trump jogou pesado. O Brasil resistiu. E a derrota americana, ao invés de enfraquecer o governo brasileiro, acabou ampliando o espaço de Lula no tabuleiro global.
Há, inclusive, quem diga que a interferência dos EUA teve efeito inverso ao desejado: endureceu a posição do Supremo e isolou ainda mais Bolsonaro. A tentativa de influência terminou servindo de exemplo do limite do poder americano sobre democracias consolidadas — e de como a política externa de Lula ganhou peso desde o seu retorno ao Palácio do Planalto.
Ao final, o balanço traçado pelo NYT é direto: Trump gastou capital político, criou tensões comerciais e saiu derrotado. Lula manteve a postura, preservou a autonomia do país e viu sua imagem internacional se reforçar no episódio.
A disputa era desigual. E, segundo o principal jornal dos Estados Unidos, Lula ganhou.