sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Lula chega à ONU sob pressão de sanções dos EUA e prepara resposta a Trump em discurso de abertura
23/09/2025 05:37
Redação ON Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobe nesta terça-feira (23) à tribuna da Assembleia-Geral da ONU em Nova York com a expectativa de responder às recentes provocações do governo Donald Trump. O republicano anunciou uma nova rodada de sanções contra autoridades brasileiras justamente na véspera do encontro mundial, criando um clima de animosidade que marcou a chegada da delegação do Brasil.

Apesar da escalada, Lula tem repetido que mantém a disposição para o diálogo. Ainda assim, a expectativa é de que seu discurso de abertura, tradição concedida ao Brasil desde 1947, traga uma defesa firme da soberania nacional e críticas diretas ao que o Planalto considera ingerência indevida dos Estados Unidos.

Na segunda-feira, o governo americano confirmou restrições de vistos a autoridades brasileiras, incluindo o advogado-geral da União, Jorge Messias, além de novas sanções financeiras contra o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, sua esposa Viviane Barci de Moraes e o Instituto Lex, ligado à família. O Itamaraty reagiu com nota de protesto enviada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, classificando a medida como atentatória às instituições brasileiras.

Enquanto sua equipe ajustava os últimos trechos do discurso, Lula participou de encontros paralelos em Nova York — defendeu a criação de um Estado palestino, reuniu-se com o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, e deu entrevista à TV americana PBS, onde classificou como “inacreditável” o comportamento de Trump e chamou de “absurda” a taxação de 50% sobre produtos brasileiros.

O discurso desta terça deve reforçar bandeiras caras ao governo: defesa do multilateralismo, críticas ao bloqueio da Organização Mundial do Comércio pelos EUA e cobrança de compromissos concretos dos países ricos com o financiamento climático, em plena contagem regressiva para a COP-30, em Belém. Lula também promete questionar a paralisia do Conselho de Segurança, dominado pelo veto das grandes potências, e defender mais representatividade para o chamado “novo mundo multipolar”.

A guerra na Ucrânia deve aparecer em tom conciliador, com apoio a negociações de paz, mas Lula pode sinalizar disposição de se encontrar com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski. Desde agosto, ele conversou três vezes com o russo Vladimir Putin, mas não retomou diálogo com Kiev.

A crise diplomática, considerada por especialistas a mais grave em dois séculos de relações entre Brasil e Estados Unidos, acabou por colocar Trump no papel de antagonista principal do discurso brasileiro. E Lula, mesmo insistindo na via do diálogo, chega ao púlpito da ONU como porta-voz de um recado direto ao republicano.

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