sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Lindbergh e Jaques Wagner têm aval de Lula para esticar a corda com o Congresso?
25/11/2025 05:52
Redação ON Reprodução

O presidente da Câmara, Hugo Motta, confirmou publicamente aquilo que nos bastidores já era dado como certo: rompeu com o líder do governo, Lindbergh Farias. O estopim foi a sucessão de críticas do petista à condução do PL Antifacção, tema explosivo que escancarou uma fissura que deixa o Planalto em posição delicada.

Lindbergh considerou “uma lambança” a escolha do deputado Guilherme Derrite como relator do projeto, decisão tomada por Motta. E fez questão de repetir isso em entrevistas sucessivas. Não era segredo que a relação vinha ruim, mas desta vez a fratura ficou exposta, em praça pública, na véspera de votações sensíveis.

O desgaste se acumulou sobre outro ingrediente improvável: as próprias declarações de Lula. No palco, ao lado de Motta, o presidente afirmou que o Congresso vive seu momento de “mais baixo nível”. A frase repercutiu mal. Deputados aliados dizem, reservadamente, que o choque abriu uma porta para Lindbergh esticar a corda — a dúvida é se o fez com carta branca ou apostando em instinto próprio.

Ruptura entre Jaques Wagner e Davi Alcolumbre

No Senado, o clima não é diferente — apenas mais silencioso, o que não significa menos grave. Desde que Lula bancou Jorge Messias para o Supremo, contrariando a preferência de Alcolumbre, o presidente da Casa rompeu a interlocução com o líder do governo, Jaques Wagner.

Não atende. Não retorna ligações. Não envia recados. Está incomunicável há cinco dias.

Entre aliados, Wagner diz estar “surpreso” com a reação do colega. Surpreso, porém isolado. A relação entre os dois sempre foi política, não pessoal, e o Planalto contava com Alcolumbre como uma das principais engrenagens para aprovar indicações e pacificar conflitos. Perder essa ponte é perder tempo — e votos.

Enquanto isso, líderes do governo garantem que não vão recuar: Messias continua sendo o nome e o Planalto deve montar uma operação de guerra para aprová-lo. O problema é que, sem Alcolumbre, a trilha fica mais longa.

A pergunta que ninguém responde

Nos dois casos, a interrogação é a mesma: Lindbergh e Wagner são mensageiros de Lula ou estão improvisando?

No Planalto, ninguém admite oficialmente que o presidente tenha dado autorização para seus líderes confrontarem os presidentes das Casas. Mas também ninguém garante o contrário. O que se vê é um governo que, ao mesmo tempo em que tenta reorganizar sua base, permite que seus principais articuladores atuem sem rede de proteção — e sem combinar a jogada antes.

Essa falta de sintonia, rara em outros mandatos do PT, gera a sensação de que cada líder está tateando no escuro para medir território. O risco é claro: Câmara e Senado podem reagir de maneira coordenada e impor ao governo uma agenda própria, o que travaria votações, emperraria indicações e poderia gerar um período mais agudo de paralisia institucional.

Enquanto isso, Brasília segue tentando responder a pergunta que ecoa pelos corredores: existe comando político ou cada um está esticando a corda para ver quem arrebenta primeiro?

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