sábado, 13 de dezembro de 2025
Julgamento de Bolsonaro avança no STF, mas bastidores revelam forte ofensiva pela anistia
03/09/2025 05:37
Redação ON Reprodução

O Brasil e o mundo seguem atentos ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal, que terá continuidade nesta quarta-feira (3). Acusado de envolvimento na tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro enfrenta um processo que pode definir de vez seu futuro político. Mas, enquanto os ministros analisam provas e depoimentos, nos bastidores de Brasília uma guerra nada silenciosa se desenrola para salvar o ex-presidente, independentemente da decisão do STF.

Duas frentes de pressão política estão em curso. A primeira parte do Senado, onde um grupo de parlamentares se organiza para enviar uma carta ao presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, pedindo a paralisação do julgamento. A iniciativa se apoia nas denúncias divulgadas pelo chamado “Vaza Toga”, série de acusações feitas por Eduardo Tagliaferro, um ex-funcionário do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. O delator tenta colocar em xeque a atuação do magistrado — e os senadores contrários ao julgamento agarraram-se a isso como argumento para suspender o processo.

A segunda frente envolve diretamente o Congresso. Na segunda-feira (1), Bolsonaro recebeu em sua casa, em Brasília, o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara. O encontro, que durou cerca de uma hora, levantou suspeitas e perguntas: por que o ex-presidente procurou Lira, e não o atual presidente da Casa, o paraibano Hugo Mota (Republicanos)? A resposta, nos corredores de Brasília, é clara: Lira, mesmo fora do cargo, segue tendo mais influência sobre os rumos da Câmara do que Mota, seu sucessor formal.

De acordo com interlocutores, Bolsonaro pediu a Lira que use seu peso político para pressionar pela votação de um projeto de anistia no Congresso. A proposta, se avançar, teria o poder de anular anos de investigações conduzidas pela Polícia Federal, pela Procuradoria-Geral da República e pelo próprio Supremo.

Sobre a inelegibilidade

O detalhe mais curioso dessa articulação é que, mesmo no caso de uma eventual anistia, o Centrão trabalha com a ideia de manter a inelegibilidade de Bolsonaro. Em outras palavras, parlamentares poderiam “perdoar” as acusações criminais contra o ex-presidente, mas ainda assim deixá-lo fora da disputa eleitoral de 2026. A lógica é pragmática: o Centrão gostaria de pavimentar o caminho para outras candidaturas sem precisar enfrentar o peso eleitoral do bolsonarismo.

Esse arranjo revela duas realidades. Primeiro, Bolsonaro já não tem mais margem de defesa no STF, onde a condenação é considerada quase inevitável. Segundo, mesmo fragilizado e em prisão domiciliar, o ex-presidente ainda se movimenta para tentar escapar das consequências políticas mais duras. Resta saber se a estratégia de recorrer ao Congresso — via Arthur Lira — terá força suficiente para esvaziar o impacto de uma eventual condenação.

O resultado dessa guerra de bastidores pode redefinir não apenas o destino de Bolsonaro, mas também os rumos da política brasileira até as eleições de 2026.

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