O deputado paraibano Hugo Motta fez, nesta quarta-feira, a mais dura crítica ao governo Lula desde o início da atual legislatura. Até poucas semanas atrás, Motta circulava em perfeito alinhamento com o Planalto, comandava votações estratégicas e era tratado como um dos pilares da articulação governista na Câmara. Mas a disputa em torno do PL Antifacção expôs uma ruptura que agora se torna pública e inequívoca.
Em postagem no X (antigo Twitter), o parlamentar afirmou que “não se pode desinformar a população com inverdades” e acusou o governo de tentar distorcer os efeitos do Marco Legal de Combate ao Crime Organizado. Para Motta, a narrativa construída por integrantes da base governista sobre o projeto não corresponde à realidade e prejudica o debate sobre segurança pública.
“É muito grave que se tente distorcer os efeitos de um Marco Legal de Combate ao Crime Organizado cuja finalidade é reforçar a capacidade do Estado na segurança pública”, escreveu. Ele também afirmou que o país “não vai enfrentar a violência das ruas com falsas narrativas” e que “segurança não pode ser refém” desse tipo de disputa.
O recado final ampliou o tom do confronto político: “O governo optou pelo caminho errado ao não compor essa corrente de união para combater a criminalidade.” A frase, direta e sem ambiguidades, confirma que Motta já escolheu um lado na principal batalha legislativa do momento — e que esse lado não é mais o do governo.
A manifestação pública, além de simbolizar o afastamento político, cria um novo ponto de tensão para o Planalto, especialmente porque Motta tem influência decisiva em pautas sensíveis e comanda a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais importantes da Câmara. O atrito não deve ser passageiro: pela contundência do texto, o deputado sinaliza que a crise na relação com o governo entrou em um novo estágio.