A disputa por poder entre o governo e o Centrão ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (14), com o adiamento da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não há acordo político para apreciar o texto nesta semana. “A análise deve ficar mais para frente”, resumiu o parlamentar.

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), havia marcado a votação para quinta-feira (16), mas o impasse se intensificou após o Palácio do Planalto retaliar parlamentares que se rebelaram na votação da Medida Provisória do IOF, rejeitada pela Câmara na semana passada. Na noite de segunda-feira (13), o Executivo ampliou a lista de exonerações de apadrinhados políticos de deputados do Centrão que contrariaram a orientação do governo.

Nos bastidores, o clima é de desconfiança e tensão. Aliados de Motta afirmam que a Câmara não pretende avançar na LDO enquanto o Planalto mantiver a ofensiva sobre cargos e indicações. O texto orçamentário foi enviado ao Congresso em abril e prevê, entre outros pontos, reajuste de 7,4% no salário mínimo, que passaria de R$ 1.518 para R$ 1.630.

O adiamento reforça o impasse entre governo e base aliada e expõe as dificuldades do Planalto para recompor sua relação com o Centrão — bloco que, até pouco tempo, era o principal pilar de sustentação política no Congresso.