O governo dos Estados Unidos elevou o tom contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, após a decretação de prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em uma publicação atribuída ao perfil oficial do Bureau of Western Hemisphere Affairs no X (antigo Twitter), Moraes é chamado de “abusador de direitos humanos” e acusado de usar instituições brasileiras para silenciar opositores e ameaçar a democracia.
“Colocar ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro se defender em público não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!”, diz o texto.
O perfil, vinculado ao Departamento de Estado americano, ainda afirma que os Estados Unidos “condenam a ordem de Moraes” e prometem responsabilizar “todos os que estiverem ajudando e acobertando essa conduta sancionada”.

A reação norte-americana surge em um momento de tensão diplomática entre os dois países, marcado por sanções unilaterais impostas contra o próprio ministro Alexandre de Moraes com base na chamada Lei Magnitsky. A norma permite punições a autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos. Moraes foi acusado de censura, perseguição política e abuso de poder, especialmente no contexto das investigações envolvendo bolsonaristas suspeitos de planejar atos golpistas após as eleições de 2022.
A medida do STF contra Bolsonaro, decretada na semana passada, estabeleceu prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais — inclusive por meio de terceiros — e vetos a qualquer tipo de manifestação pública. O despacho de Moraes foi interpretado por setores conservadores como um endurecimento excessivo, enquanto apoiadores do ministro e juristas veem a decisão como necessária diante das reiteradas violações das medidas cautelares anteriores.
A postagem do governo americano gerou forte repercussão nos bastidores de Brasília. Aliados de Bolsonaro comemoraram a declaração como uma vitória simbólica, enquanto integrantes do STF trataram a fala como uma ingerência inaceitável nos assuntos internos do Judiciário brasileiro.