O governo Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma derrota ampla no Congresso Nacional, que derrubou, nesta quinta-feira (27/11), os vetos presidenciais ao Licenciamento Ambiental e restabeleceu trechos do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) que haviam sido barrados pelo Palácio do Planalto. A sessão, convocada pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), expôs o avanço do clima de enfrentamento entre Executivo e Legislativo.
A queda dos vetos é apenas o capítulo mais recente de uma sequência de dissabores acumulados pelo Planalto nos últimos dias. Na véspera, Alcolumbre já havia articulado e aprovado mudanças profundas no Imposto de Renda — uma medida de forte impacto fiscal, que cria alívio imediato para parte dos contribuintes, mas cuja compensação orçamentária ainda não está clara. Técnicos admitem, reservadamente, que o governo sequer sabe de onde sairá o dinheiro para bancar a renúncia.
O senador também tem sido um dos focos de pressão sobre Lula na disputa pela vaga aberta no Supremo Tribunal Federal. O presidente decidiu indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, frustrando a articulação de Alcolumbre, que trabalhava para emplacar o nome do antecessor Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O episódio aprofundou o desgaste entre os dois.
Além de Alcolumbre, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também se mantém distante do Planalto. O deputado rompeu politicamente com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ), após sucessivas divergências em votações sensíveis ao Centrão — outro fator que vem dificultando a vida do governo no Congresso.
O resultado desta quinta-feira consolidou, portanto, um cenário de isolamento do Executivo, que vê sua articulação política enfraquecer justamente no momento em que precisa pavimentar o caminho para votações decisivas nas próximas semanas.